segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

o que é meu

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços,  minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu minha paz e minha guerra.  Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.

João Cabral de Melo Neto, Dos três mal amados

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

de já estar...


 "Você tem medo de se apaixonar. Medo de sofrer o que não está acostumada. Medo de se conhecer e esquecer outra vez. Medo de sacrificar a amizade. Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o trajeto para apressar encontros. Medo se o telefone toca, se o telefone não toca. Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa. Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo. Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente. Não suportar ser olhada com esmero e devoção. Nem os anjos, nem Deus agüentam uma reza por mais de duas horas. Medo de ser engolida como se fosse líquido, de ser beijada como se fosse líquen, de ser tragada como se fosse leve. Você tem medo de se apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida. Medo de enfrentar a infância, o seio que criou para aquecer as mãos quando criança, medo de ser a última a vir para a mesa, a última a voltar da rua, a última a chorar. Você tem medo de se apaixonar e não prever o que pode sumir, o que pode desaparecer. Medo de se roubar para dar a ele, de ser roubada e pedir de volta. Medo de que ele seja um canalha, medo de que seja um poeta, medo de que seja amoroso, medo de que seja um pilantra, incerta do que realmente quer, talvez todos em um único homem, todos um pouco por dia. Medo do imprevisível que foi planejado. Medo de que ele morda os lábios e prove o seu sangue. Você tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo. O corpo mais lado da fraqueza. Medo de que ele seja o homem certo na hora errada, a hora certa para o homem errado. Medo de se ultrapassar e se esperar por anos, até que você antes disso e você depois disso possam se coincidir novamente. Medo de largar o tédio, afinal você e o tédio enfim se entendiam. Medo de que ele inspire a violência da posse, a violência do egoísmo, que não queira repartir ele com mais ninguém, nem com seu passado. Medo de que não queira se repartir com mais ninguém, além dele. Medo de que ele seja melhor do que suas respostas, pior do que as suas dúvidas. Medo de que ele não seja vulgar para escorraçar mas deliciosamente rude para chamar, que ele se vire para não dormir, que ele se acorde ao escutar sua voz. Medo de ser sugada como se fosse pólen, soprada como se fosse brasa, recolhida como se fosse paz. Medo de ser destruída, aniquilada, devastada e não reclamar da beleza das ruínas. Medo de ser antecipada e ficar sem ter o que dizer. Medo de não ser interessante o suficiente para prender sua atenção. Medo da independência dele, de sua algazarra, de sua facilidade em fazer amigas. Medo de que ele não precise de você. Medo de ser uma brincadeira dele quando fala sério ou que banque o sério quando faz uma brincadeira. Medo do cheiro dos travesseiros. Medo do cheiro das roupas. Medo do cheiro nos cabelos. Medo de não respirar sem recuar. Medo de que o medo de entrar no medo seja maior do que o medo de sair do medo. Medo de não ser convincente na cama, persuasiva no silêncio, carente no fôlego. Medo de que a alegria seja apreensão, de que o contentamento seja ansiedade. Medo de não soltar as pernas das pernas dele. Medo de soltar as pernas das pernas dele. Medo de convidá-lo a entrar, medo de deixá-lo ir. Medo da vergonha que vem junto da sinceridade. Medo da perfeição que não interessa. Medo de machucar, ferir, agredir para não ser machucada, ferida, agredida. Medo de estragar a felicidade por não merecê-la. Medo de não mastigar a felicidade por respeito. Medo de passar pela felicidade sem reconhecê-la. Medo do cansaço de parecer inteligente quando não há o que opinar. Medo de interromper o que recém iniciou, de começar o que terminou. Medo de faltar as aulas e mentir como foram. Medo do aniversário sem ele por perto, dos bares e das baladas sem ele por perto, do convívio sem alguém para se mostrar. Medo de enlouquecer sozinha. Não há nada mais triste do que enlouquecer sozinha. Você tem medo de já estar apaixonada."

Fabrício Carpinejar

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

HAPPY ENDDING





I have faith that I will find my way home
Eu tenho fé que vou encontrar meu caminho de casa

domingo, 27 de novembro de 2011

O que eu quero

"O que ela quer é falar de amor. Fazer cafuné, comprar presente, reservar hotel pra viagem, olhar estrela sem ter o que dizer. Quer tomar vinho e olhar nos olhos. Ela quer poder soprar o que mora dentro, o que não cabe, que voa inocente e suicida. Ela quer o que não tem nome. Quer rir sem saber de quê, passar horas sem notar, quer o silêncio e a falação. Ela quer bobagem. Quer o que não serve pra nada. Quer o desejo, que é menos comportado que a vontade. Ela quer o imprevisto, a surpresa, o coração disparado, o medo de ser bom. Quer música, barulho de e-mail na caixa, telefone tocando. Ela tem muito e quer mais. Quer sempre. Quer se cobrir de eternidade, quer o oxigênio do risco pra ficar sempre menina. Ela quer tremer as pernas, beijo no ponto de ônibus e a milésima primeira vez. Quer cor e som, lembrança de ontem, sorriso no canto da boca. Ela quer dar bandeira. Quer a alegria besta de quem não tem juízo. O que ela quer é tão simples. Só que ela não é desse mundo."

(Cris Guerra)

Revisão

"...que tal fazer com que a experiência de estarmos vivos seja aproveitada o melhor possível. Definitivamente não devemos perder nosso precioso tempo fazendo aquilo que não gostamos, desperdiçando nossas verdadeiras habilidades e nos lamentando diariamente pela paralisia nos caminhos errados. Sempre é hora para uma boa revisão de nossas escolhas. Vale a pena lembrar que caminhos errados sempre se manifestam, no fundo sempre sabemos quando estamos trilhando aquele que não é nosso !! Se sua caminhada não está a contento, bacana refletir se não é hora de mudar o rumo, afinal temos o livre arbítrio e o controle de nossas vidas. Os dias não voltam assim como as semanas, meses, anos …"

sábado, 26 de novembro de 2011

Contentamento

"Fica contente, amor, fica contente. Eu queria tanto que as pessoas todas fossem mais contentes, é tão bom ficar contente. A gente vê na rua todo mundo tão triste, por que as pessoas estão tristes? Ahn? Queria tanto sair por aí alegrando as pessoas, olha, não fique triste, segura minha mão e vem comigo que te mostro o jardim da alegria com Deus lá dentro, vem.'' (Lygia Fagundes Telles)

"E se não quisermos, não pudermos, não soubermos, com palavras, nos dizer um pouco um para o outro, senta ao meu lado assim mesmo. Deixa os nossos olhos se encontrarem vez ou outra até nascer aquele sorriso bom que acontece quando a vida da gente se sente olhada com amor. Senta apenas ao meu lado e deixa o meu silêncio conversar com o seu. Às vezes, a gente nem precisa mesmo de palavras." (Ana Jácomo)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Velho inexperiente/ Aprender

"Inexperiência. Primeiro título considerado para A insustentável leveza do ser. "O planeta da inexperiência". A inexperiência como uma qualidade da condição humana. Nasce-se uma vez por todas, jamais se poderá recomeçar uma outra vida com as experiências da vida precedente. Sai-se da infância sem saber o que é a juventude, , casa-se sem saber o que é ser casado, e mesmo, quando entramos na velhice, não sabemos para onde vamos: os velhos são crianças inocentes de sua velhice. Neste sentido, a terra do homem é o planeta da inexperiência."

Milan Kundera


Josef : Eu acho, que você e eu, talvez, possamos ir para algum lugar. Juntos. Um dia destes. Hoje. Agora mesmo. Venha comigo.
Hanna : Não, eu não acho que vai ser possível.
Josef : Por que não?
Hanna : Hum, porque eu acho que se nós formos embora para algum lugar juntos, eu tenho medo que um dia, talvez não hoje, talvez sim, talvez não seja amanhã, mas um dia, de repente, eu possa começar a chorar e chorar tão alto que nada nem ninguém poderá me parar e as lágrimas vão encher a sala e eu não vou ser capaz de respirar e eu vou te puxar para baixo comigo e nós dois vamos afogar.
Josef :
Eu vou aprender a nadar, Hanna. Eu juro, eu vou aprender a nadar.


Do filme: A Vida Secreta das Palavras

conselho pra mim?


enquanto finjo, enquanto fujo...

as respostas

Já é noite e o que sinto não se descreve a não pela palavra vazio, solidão. Estou desnorteada. Sei lá o que acontece comigo, que me deixa assim. Estou tentando para de fazer as coisas por conta de um vicio ou mania, eu quero pensar e refletir sobre minhas ações. Não sei por que eu estava tão bem e agora eu tenho que me sentir assim. Se pudesse dormir e sonhar com as respostas de todos meus problemas, ou se houvesse uma pilulasinha que fosse que diluísse este desanimo, mas que garantisse algo durável, sem tantas oscilações como me foi o amor. ( uma pilulasinha que fosse)

Maio de 2010

Notas


1. Embaraço é a palavra que resume minha relação com a vida. Eu sou aquele tipo que dificilmente se sente confortável onde, com quem e como está, como se viver não fosse a minha vocação.

2. Solidão é o meu sentimento predominante, eu não consigo me senti conectada com ninguém, muito pelo contrário, constantemente a sensação de abandono me faz longas visitas. Eu sinto necessidade de afeto mas eu não sei dizer, eu não sei assumir que preciso de ajuda, de companhia, de amigo e de amor, que eu tenho medo de ser só, e ficar só é um sofrimento terrível.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

do nada


Teresinha
O primeiro me chegou
Como quem vem do florista:
Trouxe um bicho de pelúcia,
Trouxe um broche de ametista.
Me contou suas viagens
E as vantagens que ele tinha.
Me mostrou o seu relógio;
Me chamava de rainha.

Me encontrou tão desarmada,
Que tocou meu coração,
Mas não me negava nada
E, assustada, eu disse "não".

O segundo me chegou
Como quem chega do bar:
Trouxe um litro de aguardente
Tão amarga de tragar.
Indagou o meu passado
E cheirou minha comida.
Vasculhou minha gaveta;
Me chamava de perdida.

Me encontrou tão desarmada,
Que arranhou meu coração,
Mas não me entregava nada
E, assustada, eu disse "não".

O terceiro me chegou
Como quem chega do nada:
Ele não me trouxe nada,
Também nada perguntou.
Mal sei como ele se chama,
Mas entendo o que ele quer!
Se deitou na minha cama
E me chama de mulher.

Foi chegando sorrateiro
E antes que eu dissesse não,
Se instalou feito posseiro
Dentro do meu coração.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

recriar


Observando que somos seres feitos de terra e ar, de sonho e realidade, de alegria e tristezas, na verdade a gente não tem nada pra dar pra ninguém. O mais rico e o mais pobre, o mais sábio e o mais confuso, tem exatamente o mesmo para ser doado ao outro.

É nossa própria vida cheia de tentativas e erros, nosso próprio mundo, nossa histórias, nossos traumas e tratados de como viver que podem - se permitimos - serem apenas- o que já é muito - compartilhados. E é nessa comunhão que potencialmente é recriado o mundo, a realidade, a vontade, o olhar, a pele, o ânimo, enfim: a nós mesmos.



Diotima explicando a Platão a força educadora de Eros sobre o amante: fazê-lo ascender espiritualmente, libertar-se das paixões e reconhecer o belo, o divino: "somente quando vir o belo, ocorrer-lhe-á produzir não sombra de virtude, porque não é em sobra que estará tocando, mas reais virtudes"


Nossa sina é se ensinar...
A sina nossa...
Minha senhora diz:
Bons ventos para nós
Para assim sempre
Soprar sobre nós...
(Sina nossa - O Teatro Mágico)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

apesar do aperto



Apesar da inevitável rendição às lagrimas, apesar do aperto no peito, a gente não pode acreditar que a vida é isso, que ela é esse momento apenas; a gente não tem o direito de achar que não merece ser feliz; a gente não tem o direito de acreditar que as coisas não vão melhorar.

"Mas eu desejo, profundamente, que Deus também ouça as preces que lhe dirijo quando eu não consigo elaborar prece alguma. Quando a dor é tão grande que minha fala não passa de um emaranhado de palavras confusas e desconexas que desenham um troço que nem eu entendo. Quando o medo me paralisa e perturba de tal forma que eu me encolho diante da vida feito um bicho acuado. Quando me enredo nas minhas emoções com tanta confusão que parece que aquele tempo não vai mais passar.
Que Deus ouça também as preces que lhe dirijo quando só consigo chorar e, mesmo depois de já ter chorado muito, tenho a sensação de ainda não ter chorado tudo. Quando me sinto exaurida e me entrego a esse cansaço completamente esquecida dos meus recursos. Há momentos em que a gente parece ignorar tudo o que pode nos ajudar a lidar melhor com os desafios. Há momentos, ainda, em que a gente se confunde sobre o local onde, de verdade, os desafios começam.
Que Deus ouça também as preces que lhe dirijo quando me parece que eu não acredito em mais nada. Quando sou incapaz de ver qualquer coisa além do foco onde coloco a minha dor. Quando não consigo articular meus pensamentos nem entrar em contato com alguma doçura que me faça lembrar das coisas que realmente nos movem. Quando não lhe dirijo nenhuma prece. Nem com palavras. Nem com um sorriso enternecido quando dou de cara com uma flor. Com um pôr-de-sol. Com uma criança. Com uma lua cheia. Com o cheiro do mar. Com o riso bom de um amigo. Que ele me ouça com o seu ouvido amoroso e me acolha no seu coração, porque é exatamente nesses momentos que eu não consigo ouvi-lo." Ana Jácomo

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Carta à um amigo e o incerto.


Ei meu amigo já reparou nesses tempos incertos? Tens percebido comigo que a única certeza é a falta de certeza? Sinto sua falta. Especialmente da sua segurança e da sua fé de quem olha para o horizonte sem saber onde vai chegar mas que sabe que vai chegar. Se você se pergunta o que esta acontecendo comigo, saiba que isso mesmo que estas pensando. Eu estou perdida. Sem rumo. Não há o desespero e nem a euforia. Lembra dos nossos sorrisos naquele novembro de tanta descoberta, de tanta alegria, de tanto amor no coração? Amor que a gente tinha pela gente mesmo, pela nossa história, pelo mundo, por quem a gente nem conhecia. Sinto falta disso especialmente. Da certeza que a gente tinha no meio do incerto, apesar do incerto. Da vida que fazia sentido mesmo que nada fizesse sentido. E isso me dava brilho nos olhos. Queria ver teus olhos, se brilham como antes, na verdade queria saber se os meus ainda podem brilhar. Espero que os seus ainda brilhem, espero os ver tão radiantes que possam contaminar os meus. É aqui que queria chegar, meu amigo: preciso de você. Do teu olhar que me escutava e do teu silêncio que me falava, tudo isso que me levava ao mais fundo de mim.




"Disseram-me que o destino debocha de nós
Que não nos dá nada e nos promete tudo
Faz parecer que a felicidade está ao alcance das mãos,
Então a gente estende a mão e se descobre louco...."

terça-feira, 25 de outubro de 2011

avermelhar


Rosa Maria - O Círculo

Ela se cobriu de espinhos pra
Enganar a dor foi mãe demais
Até mesmo antes de ser mulher
Rosa maria a flor se amarela for
Salgarei o meu sorriso por um
momento bom
Até Por que não da pra ser viver
Sem ser feliz e amar se entregar
a uma paixão
Até Por que não da pra ser viver
Sem ser feliz e amar se entregar
a uma paixão
Se só as Rosas choram, por que sofrem as Marias?
Se só as Rosas choram, por que sofrem as Marias?
Juntos a mesa uma rosa branca paz floriu,
Pois a amor demais com certeza
Mesmo tudo que se tem pra comer é um prato quase vazio, é
eu sei
E avermelhar a flor em nome do sentimento
Qual cor teria a rosa se eu chorasse sofrimento
Até Por que não da pra ser viver
Sem ser feliz e amar se entregar
a uma paixão
Até Por que não da pra ser viver
Sem ser feliz e amar se entregar
a uma paixão
Se só as Rosas choram, por que sofrem as Marias?
Se só as Rosas choram, por que sofrem as Marias?

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Chora manso, bem baixinho

excesso

Não gosto dessa história de copo meio cheio ou meio vazio. Pra mim, ou está vazio por completo ou transbordando. Aliás, transbordar eus por aí é meu passatempo preferido.
Não gosto de ser meio. Aceito tudo na medida.
Mas prefiro tudo em excesso.

Por Letícia em Girafas

Nostalgia

"O que dissera esse homem? Que partia para sempre. Uma longa e doce nostalgia apertava-lhe o peito. Não apenas a nostalgia desse homem, mas também a da ocasião perdida. E não apenas daquela ocasião perdida. E não apenas daquela ocasião, mas também da ocasião como tal. Tinha nostalgia de todas as ocasiões que havia deixado passar, escapar, das quais tinha fugido, mesmo daquelas que jamais tivera"

Milan Kundera in: A valsa dos adeuses

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

não tenha medo

Na sua vida, não tenha medo de ser fraco, já que a fraqueza representa capacidade de amar. Quando o outro, pelas mais diversas razões esperar pelo seu ódio, surpreenda-o com o seu amor.

Pe. Fabio de Melo

apesar

‎"Que eu não perca a vontade de doar este enorme amor que existe em meu coração, mesmo sabendo que muitas vezes ele será submetidoa provas e até rejeitado."
Chico Xavier


"Quero um dia poder dizer às pessoas, que nada foi em vão...que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades e às pessoas, que a Vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim...e que valeu a pena!"
Mário Quintana

terça-feira, 18 de outubro de 2011

definição

"Uma definição não encontrada no dicionário: Não ir embora: ato de confiança e amor."

Do livro A menina que roubava livros

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

obrigado?



"Benjamin se despede de mim, depois da reunião e diz obrigado, bem baixinho ao meu ouvido. Outrora, ele dizia que me amava, quando o resto da equipe estava por perto e ele me dava tchau. Senti uma espécie de náusea, e pensei na transitoriedade dos sentimentos. Eu te amo numa semana, obrigado na outra. Obrigado por quais motivos, Ben? Obrigado por teres me deixado e eu não fazer muito drama? Obrigado por ter a coragem (ou a insensatez) de continuar a trabalhar contigo, te ver quase todos os dias, depois de ter passado de namorada a colega de trabalho? Obrigado por não atrapalhar a tua vida, que deve ser tão boa e sem caos agora, já que eu não sacudo mais as fibras do teu coração?"

Vanessa Souza Moraes

sábado, 15 de outubro de 2011

if you surrender






Janta

Eu quis te conhecer, mas tenho que aceitar
caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá
pode ser cruel a eternidade
eu ando em frente por sentir vontade

Eu quis te convencer, mas chega de insistir
caberá ao nosso amor o que há de vir
pode ser a eternidade má
caminho em frente pra sentir saudade

Paper clips and crayons in my bed
everybody thinks that I'm sad
I take my ride in melodies and bees and birds
will hear my words
will be both us and you and them together

I can forget about myself trying to be everybody else
I feel allright that we can go away
and please my day
I'll let you stay with me if you surrender

Eu quis te conhecer, mas tenho que aceitar
I can forget about myself trying to be everybody else
caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá
I feel allright that we can go away
pode ser a eternidade má
and please my day
eu ando sempre pra sentir vontade
I'll let you stay with me if you surrender

 

Janta

Eu quis te conhecer mas tenho que aceitar
Caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá
Pode ser cruel a eternidade
Eu ando em frente por sentir vontade

Eu quis te convencer mas chega de insistir
Caberá ao nosso amor o que há de vir
Pode ser a eternidade má
Caminho em frente pra sentir saudade

Clipes e lápis de cor na minha cama
Todos pensam que estou triste
Vou passear nas melodias e abelhas e pássaros
Ouvirão minhas palavras?
Estaremos nós dois e você e eles juntos?

Eu posso esquecer-me de tentar ser todos os outros
Eu sinto que tudo bem, podemos ir longe
e agradar meu dia
Vou deixar que você fique comigo, se você se entrega

Eu quis te conhecer, mas tenho que aceitar
Eu posso esquecer-me de tentar ser todos os outros
caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá
Eu sinto que tudo bem, podemos ir longe
pode ser a eternidade má
e agradar meu dia
eu ando sempre pra sentir vontade
Vou deixar que você fique comigo, se você se entrega

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Eu não desisti

Tem horas é que é preciso perde-se de si mesmo pra poder viver de verdade. Naqueles tempos do anjo, ele sussurrava a voz e gritava com os olhos “se solta, voe querida”, “ eles passarão, você passarinho”, “chore, sorria”, “abre o coração”. Eu tentei aprender o que ele me aconselhava, eu juro que tentei, tanto que hoje eu não quero me fazer de coitada, apesar de sofrer com essa dor feia e mal educada que fala alto e pisa no meu peito de salto agulha.

Mas enquanto eu não desistir do meu coração eu vou tentar, tentar o que eu nem bem sei o que, só sei que não tem nada de parecido com essas roupas velhas que apertam o corpo.

Se antes de viver a gente pudesse treinar, prever como agir, o que senti seria uma beleza. Mas não é assim, a gente vive sem treino, sem gabarito, sem manual de instruções, sem 0800 pra tirar as dúvidas, sem professor de plantão. Até tem tarot, horoscopo e sorte do dia no Orkut mas essas coisas parecem tão aleatórias e abstratas que se tem alguma razão poucas vezes a gente consegue entender.

Hoje eu to triste comigo, por estar tentando a tanto tempo e ainda não ter conseguido. Mais triste por ser dor repetida, por ser aprendizado incompleto.

Mas eu não desisti, e sem cansar eu peço a vida uma nova chance e uma dose de coragem pra acender uma luz nesse cômodo do meu coração que ainda ta escuro e sujo.

domingo, 9 de outubro de 2011

com a própria

"Uma pessoa que pratica os mistérios do amor estará em contato não com um reflexo, mas com a própria verdade. Para conhecer essa bênção da natureza humana, não se pode encontrar auxiliar melhor do que o amor." Socrátes (Simpósio de Platão.)

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

ainda

"O amor é a capacidade de descobrir no outro o que ele ainda não viu que tem."

Pe. Fábio de Melo

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

frente a frente

Eu, hoje, frente a frente com o que eu era antes, tanto foi o que eu aprendi, tanto foi o que mudou.
Eu, hoje, frente a frente com o que eu vou ser, tanto o que vou aprender, tanto o que vai mudar.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

beleza singular

"O amor, devagarinho, esgarça o tecido que veste as nossas defesas e deixa a nossa alma toda de fora. Depois, sorri, encantado, diante da beleza singular da nossa nudez."

Ana Jácomo

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Tudo vale a pena

“Nós somos do tamanho dos nossos sonhos.Há,em cada ser humano,um sebastianista louco,vislumbrando o Quinto Império;um navegador ancorado no cais, a idealizar ‘mares nunca dantes navegados’;e um obscuro D. Quixote de alma grande que,mesmo amesquinhado pelo atrito da hora áspera do presente,investe contra seus inimigos intemporais:o derrotismo,a indiferença e o tédio.

Sufocado pelo peso de todos os determinismos e pela dura rotina do pão-nosso-de-cada-dia,há em cada homem um sentido épico da existência,que se recusa a morrer,mesmo banalizado,manipulado pelos veículos de massa e domesticado pela vida moderna.

É preciso agora resgatar esse idealista que ocultamente somos,mesmo que D. Sebastião não volte,ainda que nossos barcos não cheguem a parte alguma,apesar de não existirem sequer moinhos de vento.
Senão teremos matado definitivamente o santo e o louco,que são o melhor de nós mesmos,senão teremos abdicado dos sonhos da infância e do fogo da juventude;senão teremos demitido nossas esperanças.

Utopias?Talvez sonhos irrealizáveis de algum poeta menor,mas convicto de que nada vale a pena,se a alma é mesquinha e pequena”

"Tudo vale a pena se a alma não é pequena""

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Dessa forma

A cada dia mais me convenço que viver é imperativo, é uma ordem. A cada dia seu fardo. A cada dia sua alegria ou sua tristeza. Mas sempre um dia de cada vez. Muita coisa eu não sei, muita coisa na gente mesmo é preciso aceitar, é preciso aceitar que a gente sente inveja, que a gente é egoísta, tem ciúmes e que a gente quer ter tudo. É preciso aceitar que a gente nem sempre sabe de é s, c, ç ou ss.

É preciso aceitar que tudo tem seu fim, as dores e os prazeres. Os amigos se vão, e é preciso permitir o mesmo aos inimigos. É preciso admitir que a gente fica tímido na frente de quem a gente gosta de mal saber o que falar, sem saber pra onde olhar, pior ainda o que fazer e ainda tudo isso um dia acaba e perde o sentido, ai é preciso aceitar que acabou, como tudo acaba. É preciso compreender essencialmente que a gente não vai ser nunca perfeito, aliás, a gente e nem ninguém.

Original: 22/08/2011

Como cebolas

"a melhor maneira de enxergar as pessoas é como cebolas, que têm vários invólucros, mas não têm caroço. Nós não temos caroço, nós somos os invólucros. Não é tirando as roupas e acessórios que encontraremos “quem somos realmente”. Essa é uma reivindicação bastante recorrente no amor, por exemplo. “Você não me ama pelo que sou verdadeiramente. Você me ama porque tenho carro importado e uma casa na praia.” As mulheres têm estas frases: “Você me ama porque sou bonita, não por mim mesma”. Mas o que é “mim mesma”? Quem é você senão a pessoa que fez isso ou aquilo na vida, que acumulou coisas, que é bonita? Mas achamos, equivocadamente, que essas coisas são só superficiais. E essa sensação de que a nossa imagem não representa aquilo que realmente somos se tornou uma grande fonte de sofrimento hoje em dia."

Contardo Calligaris

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O que é o amor

Amor é o que lhe assalta. Ele saca fundamentalmente suas fraquezas, suas dores, suas culpas. O amor chega onde mais dói. Chega nos seus medos e ali ele se instala, pois é lá seu lugar. Onde falta amor sobra medo, sobra receio, sobra insegurança. A função do amor é tornar-te mais belo, é tornar o mundo mais belo, o amor é busca e a manutenção da virtude na vida – NO MÍNIMO - dos amantes.

Qualquer outra coisa que tenta te expor nas suas dúvidas e caídas nem de longe e amor. Essa fala não é fala de amor. É fala de quem diz “eu preciso de amor”, “me dê amor”. Isso é justamente o contrário. Portanto, coração, o amor é aquilo que doa, que entrega e deixa livre. O que pede, o que retém e o que prende, pede, quer reter e prender amor, o amor que não é capaz de oferecer.

Original de Outubro de 2010.

"O amor tem a capacidade de fazer os pedaços despedaçados voltarem a ser inteiros." Pe. Fábio de Melo

Conclusões sobre o acaso e o livre-arbítrio, o destino e a liberdade.

Existem coisas na vida que realmente não estão sob nosso controle, a chuva, o humor dos meus professores, se a Xerox da faculdade vai funcionar ou não, se o hoje eu vou conhecer o grande amor da minha vida. Mas é muito cômodo agir como se não tivesse responsabilidade alguma. Mesmo que chova eu preciso sair de casa, com uma sombrinha, é preciso suportar o (mau) humor das pessoas com quem convivo, dar um jeito de arrumar material de estudo e viver mais uns dias (espero mesmo que só uns dias) sem o meu grande amor.

O acaso, as forças das naturezas, Deus, destino ou qualquer coisa conhecida ou desconhecida que a gente não controla existem nas nossas vidas, assim acredito, mas não estamos totalmente a mercê delas, há algo a ser feito, uma brecha de atuação e responsabilidade. É preciso assumir a nossa responsabilidade pela falta de coragem de sair na chuva só para não molhar os sapatos, ou a falta de tolerância com o professor que estava passando por um dia ruim, o comodismo de contar apenas com a Xerox da facul, e ainda assumir que talvez não gostamos suficiente de nós mesmos ou ainda não estamos prontos pra reconhecer o nosso grande amor em alguma esquina, ou em alguém que conhecemos faz muito tempo.

Original: 29/03/2011

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Passagem da Noite

Passagem da Noite

É noite. Sinto que é noite
não porque a sombra descesse
(bem me importa a face negra)
mas porque dentro de mim,
no fundo de mim, o grito
se calou, fez-se desânimo.
Sinto que nós somos noite,
que palpitamos no escuro
e em noite nos dissolvemos.
Sinto que é noite no vento,
noite nas águas, na pedra.
E que adianta uma lâmpada?
E que adianta uma voz?
É noite no meu amigo.
É noite no submarino.
É noite na roça grande.
É noite, não é morte, é noite
de sono espesso e sem praia.
Não é dor, nem paz, é noite,
é perfeitamente a noite.

Mas salve, olhar de alegria!
E salve, dia que surge!
Os corpos saltam do sono,
o mundo se recompõe.
Que gozo na bicicleta!
Existir: seja como for.
A fraterna entrega do pão.
Amar: mesmo nas canções.
De novo andar: as distâncias,
as cores, posse das ruas.
Tudo que à noite perdemos
se nos confia outra vez.
Obrigado, coisas fiéis!
Saber que ainda há florestas,
sinos, palavras; que a terra
prossegue seu giro, e o tempo
não murchou; não nos diluímos!
Chupar o gosto do dia!
Clara manhã, obrigado,
o essencial é viver!

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 6 de setembro de 2011

bem-me-quer


A vida, esta vida que inapelavelmente, pétala a pétala, vai desfolhando o tempo, parece nestes meus dias ter parado no bem-me-quer.
— José Saramago

sábado, 3 de setembro de 2011

uma vez, sinceridade.

Meu bem, olha pra mim. Olha pra você. Veja só o que aconteceu com gente. Veja só o que fez comigo. Veja o que eu fiz com você.
Eu te contei uma história tão feia, eu falei uma mentira enorme, eu te enganei tanto. Eu disse que não sairia pelo mundo magoando ninguém. E veja só que imediatamente você foi a primeira vítima desse meu coração egoísta desacostumado com sentimento. Coração prepotente que acha que sabe de tudo, foi ele que errou muito e feio.
Eu falei também que não acreditava nas palavras, e nas minhas você não deve mesmo acreditar. Provavelmente a única coisa sincera que posso te falar é desculpa.
Olhe bem pra mim, veja o quão inápta eu sou pra cuidar de carencias. Eu sei fazer uma equação, um resumo, uma dissertação. Eu sei usar a mente, mas tudo que aprendi de coração foi a escondê-lo 
 Desculpa que pelo meu medo de sofrer eu lhe cause sofrimento. Desculpa pela minha prudência egoísta, desculpa por te iludir, por te amedrontar, por não cuidar de você.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Uma verdade para o meu coração

Dessa vez uma prestação de contas comigo mesma:
Hoje eu percebi de verdade que ele se foi. E é por isso que não lhe escrevo mais uma carta, nem sequer um bilhete. Nosso contato foi cortado. Pra sempre.
Hoje eu senti que não há mais nada que me prenda. Não há nada que restrinja minha liberdade, meu ser.
Hoje eu aprendi que há um tipo de solidão interna que não será acabada com a presença de um outro ou de muitos outros. Ela não se acaba. Ela é transcendida se eu percebo que essa solidão simplesmente não existe.
Hoje de uma vez por todas eu entendi que amor é estado de espírito. Amor é atenção, é carinho, é cuidado que a gente oferece para o próprio coração e deixa de esperar que venha de fora, que venha do outro.

"Até que num momento de abertura, depois de muito cansaço, depois de muito doer, , depois de muita busca, sobretudo, a gente descobre, contente que nem criança diante de novidade, onde o amor estava o tempo todo. Onde estava a chave. Onde estava o alimento. Começamos a dedicar carinho e delicadeza a nós mesmos, aqueles que pensávamos que podiam vir somente dos outros. Começamos a ser também a mãe e o pai de nós mesmos, e também os filhos, os enamorados, os amigos, os benfazejos. Descobrimos que o interruptor que faz a vida acender esteve o tempo inteiro no nosso próprio coração. Esteve o tempo inteiro ao nosso alcance, muitíssimo mais do que para qualquer outra pessoa do planeta. Descobrimos que a capacidade de sentir amor é nossa. Nada, ninguém, poderá roubá-la, influenciá-la, desdizê-la ou responsabilizar-se por ela. O que nos cabe é cultivá-la. O que nos cabe é aprimorá-la.


Começamos a caminhar a partir da fonte inesgotável de amor que já nos habita. Que é a nossa essência. Que independe de outros, que são preciosos, sim, e muito, mas para enriquecer a nossa passagem pelo mundo. Para trocarmos aprendizado e entusiasmo. Para brincarmos juntos. Para partilharmos afeto. Para partilharmos também as dores que, invariavelmente, nos visitam. Começamos a caminhar, enfim, a partir do amor que é essa matéria-prima disponível em nós, que permeia tudo o que podemos criar, agora, com a nossa existência. Começamos a querer somar com a nossa contribuição, seja lá qual for, porque quando a gente começa a se amar começa também a sentir que dar é o primeiro jeito de recebimento. A vontade de fazer o amor circular é tão genuína, é tão natural, que a gente quer molhar a vida inteira nesse oceano amoroso, sabedores de que somos parte dele.

Continuamos a querer ser amados, é claro. Amados com o charme que flui. Com o olhar que abençoa. Com a atenção que enleva. Com a intimidade que ri. Mas o amor que vem dos outros não é mais salvação, a única chance de felicidade, o tapa-buracos, o paliativo para a carência que o afastamento de nós mesmos nos provoca. Não é mais remédio, fórmula, chá milagroso ou coisa que o valha; não é mais parâmetro medidor do nosso valor. É uma dádiva. É mais um espelho que reflete a nossa própria capacidade de viver um amor que inclui. Um amor que canta. Um amor que é gentil. Um amor que é paciente. Um amor que sabe perdoar quando é preciso. Um amor que cuida, porque o cuidado é da natureza dele. Um amor que é grande e que abraça com calor e sem pressa. Um amor que, generoso, nos respeita e nos acolhe, com tranquilidade, do jeitinho que a gente é. Um amor que acredita na gente com fé. Com frescor. Com alegria. Às vezes, circunstancialmente, com um bocado de desafio também. Mas, principalmente, um amor que não sabe o que é esforço." (Ana Jácomo)


Explicação.


Querido, minha cautela se deve ao receio de fazer-te um fantasma de minhas antigas irrealizações. Entenda meu passado de fracassos, dos quais todas as vezes sai parecendo que faltava um pedaço, me sentindo menor, me sentindo menos que os outros. Pois é. O meu desejo é que ao te olhar eu veja apenas a você, e não o que eu espero que você seja. A minha insegurança e o meu medo são sobre minhas dúvidas de eu estar realmente vivendo nesse presente que parece lindo, com você, ou no meu passado, com quem nunca esteve comigo de verdade. De toda forma, não é justo contigo, nem comigo, qualquer coisa que não seja do dia de hoje, novinho.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

É a expectativa

"As pessoas se sentem muitas vezes rejeitadas porque antes mesmo delas darem algo, já existe a expectativa. Se a expectativa não for satisfeita, elas se sentem rejeitadas. É a expectativa que está criando problema, não o amor.
Dê o amor sem qualquer corda amarrando-o. Dê o amor pelo puro prazer de dar. Alegre-se dando-o.
O pássaro cuco, ao cantar distante, não se preocupa se alguém está gostando ou não. A estrela distante - você pensa que ela está preocupada se um poeta está escrevendo um belo poema sobre ela ou se um Vicent van Gogh está pintando-a, ou se um fotógrafo ou um astrônomo estão preocupados com ela? A estrela não está interessada nisso. A sua alegria está em continuar brilhando.
Simplesmente abra o seu coração... E abra-o totalmente, sem quaisquer expectativas e condições. É certo que ele alcançará o coração certo; isto sempre acontece.
...E você está me perguntando: Seria este o tempo e o lugar para abrir o meu coração totalmente?
Todo tempo e todo lugar é o lugar certo!
...Você esperou tempo demais, não espere mais. Este é o tempo. Nunca confie no momento seguinte; o amanhã nunca vem. É agora ou nunca"!
OSHO.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

tentativas

Deus, eu to tentando sair da cama bem todos os dias, eu to tentando lavar o rosto e arrumar o cabelo. Eu to tentando todo dia usar batom. Eu to tentando me olhar no espelho. Eu to tentando comer bem, fazer exercício, respirar melhor e manter a coluna ereta. Eu to tentando sorrir, tentanto dizer bom dia.Eu to tentando não chorar, pelo menos não na frente de todo mundo. Eu to tentando não me achar feia, burra, pretensiosa. Eu to tentando não piorar as coisas, eu to tentando não magoar as pessoas. Eu to tentando Te achar, meu Deus.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

a solidão.

Vai tudo tão bem, o dia parece imaculádo em sua beleza.
Mas ela chega sem avisar que vinha. Repousa sua mão fria no meu ombro para me acompanhar e me deixa envergonhada de andar por ai com ela do lado.

sábado, 20 de agosto de 2011

o inútil

"É preciso amar o inútil. Criar pombos sem pensar em comê-los, plantar roseiras sem pensar em colher rosas, escrever sem pensar em publicar, fazer coisas assim, sem esperar nada em troca. A distância mais curta entre dois pontos pode ser a linha reta, mas é nos caminhos curvos que se encontram as melhores coisas da vida. A música. Este céu que nem promete chuva. Aquela estrelinha nascendo ali... está vendo aquela estrelinha? Há milênios não tem feito nada, não guiou os reis magos, nem os pastores, nem os marinheiros perdidos... apenas brilha. Ninguém repara nela porque é uma estrela inútil. Pois é preciso amar o inútil porque no inútil está a beleza. No inútil também está Deus."

Lygia Fagundes Telles

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Meu alegre coração é triste

A minha dor, minha insônia, meu choro é só medo. medo. medo. medo. Medo dessa tortura cíclica. Medo dessa repetida dor. Medo de ser o que fui antes. Medo desse futuro que não chega. Medo de continuar não sendo.

Minha oração pede reiteradamente, "Deus, por favor, mais uma vez isso não, coração cansa. Tudo tem um limite. O que mais eu tenho que aprender? Tudo que eu ja vivi, tudo que já mudou, tudo que eu aprendi já ainda não é suficiente? Eu não mereço mais isso".

E nessa hora que eu tenho saudade de quando eu tinha certeza de como tudo seria. Quando eu sabia que tudo seria bom. Quando a vida seria bonita.

Por mais que essa dor seja tentadora, por mais que ela me seduza pra cama, por mais que ela me atraia pro lado oposto do mundo eu tenho uma fé inexplicável que me diz ela ta só de pirraça, pra ver se eu me entrego ou não, essa mesma fé me põe firme mesmo assim com medo.

Naquele dia eu pedi pro mar levar pra bem longe essa maldita dor, pedi e quis tanto que ele a levasse que ele quase me levou. Quase.

Meu anjo me disse pra ter calma, disse que porque os nãos foram muitos não significa que nunca vou ter um sim.

"Meu alegre coração é triste como um camelo, é frágil que nem brinquedo, é forte como um leão."

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Para José

Meu amigo,

É de minha opinião que não é bom pra você mesmo fazer da vida o que se faz de uma fórmula matemática: buscar resolvê-la e chegar a um resultado único e invariável. Que tal tentar simplesmente viver, sem esperar demais no que vai dá?

Diz Contardo Calligaris que "Para que nossa vida se justifique, não é preciso narrar o passado de forma que ele dê sentido à existência. Não é preciso que cada evento da vida prepare o seguinte. Tampouco é preciso que o desfecho final seja sublime (descobri a penicilina, solucionei o problema do Oriente Médio, mereci o Paraíso).

Para justificar a vida, bastam as experiências (agradáveis ou não) que a vida nos proporciona, à condição que a gente se autorize a vivê-las plenamente.

Ora, nossa alegria encanta o mundo, justamente, porque ela enxerga e nos permite sentir o que há de extraordinário na vida de cada dia, como ela é.
 

(...) para reencantar o mundo, não precisamos de intervenções sobrenaturais. Para reencantar o mundo, é suficiente descobrir que o verdadeiro encanto da vida é a vida mesmo."

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

a nossa mesma falta

Amar
(...)

Este é o nosso destino:
amor sem conta, distribuído pelas coisas
pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor
Amar a nossa mesma falta de amor,
e na secura nossa, amar a água implícita,
e o beijo tácito e a sede infinita.

Carlos Drummond

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Minha primeira e essencial contribuição

Viver bem minha própria vida é minha primeira e essencial contribuição ao bem-estar de toda a humanidade e à realização do destino comum dos homens. Se não vivo de maneira feliz, como poderei ajudar outros a serem felizes, livres ou sábios?

Thomas Merton

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Comer, rezar, amar

Semana passada li Comer, Rezar, Amar, bestseller em um trilhão de paises. Pois bem. O que eu achei? Gostei muito. Li enquanto viajava de carro e sentia que estava como que conversando com uma amiga, as vezes escutando, outras falando. Parece bem piegas e repetitiva essa história moderna de sair pelo mundo buscando equilíbrio, mas isso não me atrapalhou ao fazer pontes entre as experiencias de Elizabeth e as minhas, e até me ajudou a destar alguns nós da minha vida. No relato da Índia deu uma vontade enorme de práticar ioga com afinco, deu vontade de comer como ela comeu na Itália e de achar um amor na Indonesia. Se você não espera literatura requintada, renomada, ou se quiser um leitura leve, fácil e muito verdadeira eu recomento o livro. Agora eu quero ver o filme, pra saber com ficou a adaptação.

Beijinhos ;*

quinta-feira, 28 de julho de 2011

O grande vilão reside no futuro.
O medo de que nada vai acontecer. A ilusão de que tudo vai acontecer.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

e se foi.

Houve um tempo em que a amargura e angustia significavam a minha vida. Os maiores dos meus esforços de superação eram nada diante disso. Mas, quando eu estava a ponto de desistir e me entregar, você chegou causando conflito, me desestabilizando. Mostrou-me todo o mal, e, mais, como superá-lo. Tudo isso de repente, sutil, delicado, em fração de olhares, em palavras que não foram ditas. Re-significou a minha vida: fez brotar amor em meu coração.
E, hoje, me deparo com o inédito: uma fé inabalável na vida, fé sua, que se tornou minha.
25 de janeiro de 2010

Amar talvez seja isso...
Descobrir o que o outro fala mesmo
quando ele não diz.
Pe. Fábio de Melo


Você me levou ao infortúnio de confiar nas pessoas e, como se não bastasse, provocou inesperado ainda pior, me fez confiar em mim mesma.
7 de março de 2010

Há pessoas que nos roubam...
Há pessoas que nos devolvem!
Pe. Fábio de Melo


Sonhei com um dia em que você me pediria um porque de eu o merecer. Poderia dizer todas minhas qualidades, dotes e vocações. Mas, de verdade, talvez eu não tenha nada de bom, nada de belo, nada de verdadeiro. Tudo que tenho é este amor, o qual justifica a minha vida, minha fé, meu sorriso. E é só. Nada além deste amor, que nem meu era, ganhei de ti, meu bem.
14 de março de 2010



"As pessoas acham que alma gêmea é o encaixe perfeito, mas a verdadeira alma gêmea é um espelho, a pessoa que mostra tudo que está prendendo você, a pessoa que chama atenção para você mesmo para que você possa mudar sua vida. Uma verdadeira alma gêmea é provavelmente a pessoa mais importante que você vai conhecer, porque elas derrubam suas paredes e te acordam com um tapa. Mas viver com uma alma gêmea para sempre? Não. Dói demais. As almas gêmeas só entram na sua vida para revelar a você uma outra camada de você mesmo, e depois vão embora". Trecho do livro Comer, rezar e amar.

Meu amor, você veio, soprou amor bem no meio do meu peito e se foi.

20 de julho de 2011

terça-feira, 19 de julho de 2011

dizia Mario

Das ilusões

Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.
Com ele ia subindo a ladeira da vida.
E, no entretanto, após cada ilusão perdida...
Que extraordinária sensação de alívio!


Pequeno poema após a chuva

Frescor agradecido de capim molhado
Como alguém que chorou
E depois sentiu uma grande,
uma quase envergonhada alegria.
Por ter a vida
Continuando...


Mário Quintana

domingo, 17 de julho de 2011

foi agora

 E foi agora, ao ler isto, que minha dor saiu de mansinho, envergonhada.

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos.


quarta-feira, 13 de julho de 2011

sofrer menos

Papai sempre me disse "Tenha malicia, Camila! As pessoas não tem só boas intenções", e eu, sempre tola, nunca levei muito a sério, pensava ser isso conclusão de pessimista e decepcionado com o mundo. Pois não é que ele tem razão, eu preciso de malícia! No sentido de conseguir perceber que nem sempre o outro esta tão desinteressado como eu, não pra ser pessimista, mas pra ter cuidado, não ser enganada e sofrer menos.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

ous

Minh'alma chove frio e tristinho.
Não te comove este versinho?

Carlos Drummond de Andrade


Hoje eu não sei se é culpa do medo ou do azar.
Hoje eu não sei se vale a pena ou se vale desistir.

domingo, 26 de junho de 2011

torna-me oceano

Pensando nessas dores reincindentes lembrei que li em algum lugar que a impermanêcencia é uma das caracteristicas da vida. Água parada não é vida. Vida é rio. Vida é desaguar no mar.

Nas minhas orações eu não peço casamento e bom marido, nem emprego e bom salário. Peço ser rio e sem medo desaguar no mar, e não ser poça de água parada, que sente sempre as mesmas coisas.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Caixa de pandora

Eu estava no meio do caminho de superar este medo, no caminho de não sofrer com a coroca dor, mas eis que ela me surpreende impaciente e grita sua volta me dizendo que eu fiz pouco, que eu andei devagar. E meu coração todinho doeu. E meu coração todinho ainda dói, ainda chora sem entender o pq dessa dor o aporrinhar mais uma vez e logo agora que eu já sabia dela, só não esperava essa rasteira, não tão rápido assim, sem me permitir caminhar mais um pouco a sua frente.

O coração dói todinho. E apesar de ter sentido culpa, de ter achado ‘deveria ter feito mais’, eu sei que fiz o que podia, o que sabia no momento, muito mais do que fiz nas outras vezes, eu fui covarde sim, eu ainda tinha o medo, mas já era muito menor, e seria quase inexistente se eu tivesse mais um tempo. Mas não vou lamentar. O coração dói todinho, mas vai passar. Essa dor vai passar, esse medo vai acabar e um dia eu vou lembrar desse dia como uma dia superado, vou olhar no olho dessa dor e ela não vai mais me machucar e esse medo não vai mais tornar morosa a minha coragem.

Talvez eu tenha subestimado essa dor, depois de ter superado outras dores aparentemente maiores, aparentemente mais cruéis eu julguei estar imune de dor, ter tomado a vacina. Eu julguei que ter visto o mundo de cima uma vez nunca mais me faria amargurar tantas perdas e desilusões, essas que senti deste então. E o coração doeu todinho enganado, desconsolado.

Depois de tudo de inesperado ter saído da caixa de pandora me resta a esperança de que meu coração ainda dói, mas essa dor será superada como as outras foram, esse engano será desfeito como os outros foram.


"Não é raro, tropeço e caio. Às vezes, tombo feio de ralar o coração todinho. Claro que dói, mas tem uma coisa: a minha fé continua em pé." Ana Jácomo

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Vai passar



Olhe, não fique assim não vai passar. Eu sei que dói, é horrível. Eu sei que parece que você não vai aguentar, mas aguenta. Sei que parece que vai explodir, mas não explode. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar.

Dor é assim mesmo: arde, depois passa. Aliás, a vida é assim: arde, depois passa. A gente acha que não vai aguentar, mas aguenta as dores da vida. Pense assim: agora está insuportável, agora você queria abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

o máximo que eu puder

Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. Estarmos na nossa própria pele não é fácil e essa percepção é capaz de nos humanizar o bastante para nos aproximarmos com o coração do entendimento do quanto também não seria fácil estarmos na pele de nenhum outro. Por maiores que sejam as diferenças, as singularidades de enredo, as particularidades de cenário, não nos enganemos: toda gente é bem parecida com toda gente. Toda gente é promessa de florescimento, anseia por amor, costuma ter um medo absurdo e se atrapalhar à beça nessa vida sem ensaio.







 Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável o suficiente para cada vez mais encarar os desconfortos todos fugindo cada vez menos, sabendo que algumas coisas simplesmente são como são, e que eu não tenho nenhuma espécie de controle com relação ao que acontecerá comigo no tempo do parágrafo seguinte, da frase seguinte, da palavra seguinte. É me sentir confortável o suficiente para caminhar pela vida com um olhar que não envelhece, por mais que eu envelheça, e um coração corajoso, carregado de brotos de amor.

Na propria pele de Ana Jácomo

segunda-feira, 6 de junho de 2011

a justa oportunidade

Não sou do tipo que sente pouco, não é oito ou oitenta, comigo é oitocentos. E nessa eu já não tenho mais unhas, teclar doem as pontas dos dedos, eu sai hoje com uma calça que semana passada eu julgaria suja, com uma blusa que mês passado eu levaria para doação e com a cara amarrada feito criança mimada desejando pena. Do que isso adianta? Pra que me serve escrever cartas, pretensos manuais, se quando o coração que dói é o meu não consigo deixar que ninguém me ajude a curá-lo? Nada.

A verdade é que a culpa que aperta meu coração não faz o tempo voltar e eu – ao contrário de magoar - sorrir sinceramente, ou ela não vai lá e pede desculpas. As lágrimas de arrependimento não são capazes de retirar a marca ruim que eu deixei por mero descuido, ou mesmo medo e egoísmo besta de quem quer prender-se em si mesmo, de quem não quer ser conhecido, de quem quer mentir que não precisa do outro e de quem não admite que é frágil, fraco e precisa de ajuda.

E hoje depois de perguntar sem resposta porque eu continuo manca assim, porque essas feridas continuam abertas, depois de eu ter acreditado que essa sensação não voltaria, a minha oração termina pedindo a Deus a justa oportunidade de remissão.




PS: É nessas horas que a gente percebe que é muito difícil deixar-se erguer pelo outro, ser o manco ou o cego da história enquanto se pretende ser o mascarado fariseu.

não desistir

É inevitável que chegue um instante em que algumas mentiras que contávamos para nós mesmos passem a não funcionar mais. Os disfarces até então utilizados para fortalecer o nosso autoengano já não nos servem. Inábeis com a paisagem aos poucos revelada, às vezes ainda tentamos nos apegar a alguma coisa que possa encobrir a nossa lucidez, embaraçados que costumamos ser com as novidades, por mais libertadoras que sejam. É em vão. Impossível devolver a linha ao novelo depois que a consciência já teceu novos caminhos.

Não importa o quanto às vezes seja difícil, o quanto às vezes eu me atrapalhe, o quanto às vezes eu seja a densa nuvem que esconde o meu próprio sol, quantas vezes seja preciso recomeçar: combinei comigo não desistir de mim.

Ana Jácomo


Mas o pior não é não conseguir
É desistir de tentar


Vanessa da Mata

terça-feira, 24 de maio de 2011

Carta à uma póia II

Minha amiga, pelo amor de Deus, desconfie! Desconfie de quem muito usa a memória, muito sabe e muito já estudou. Desconfie de quem não usa o coração e o esconde atrás dos livros que leu, das músicas que ouviu e dos lugares que conheceu. Não se encante por este tipo de gente... ou pior, não queira ser assim, dona de biblioteca.

Este tipo de vida não garante nada, viver é perigoso de qualquer jeito, pior ainda ignorando os riscos. Lembra-se de uma historinha que te contei um dia? Um sábio iria atravessar o rio e já na embarcação perguntou ao barqueiro se ele havia estudado gramática e ao receber resposta negativa sentenciou ‘pois você perdeu metade da vida’; passado algum tempo o barqueiro pergunta ao sábio ‘você aprendeu a nadar?’, o sábio diz que não e recebe a notícia ‘pois perdeste a vida inteira’.

Não tenha vergonha, minha flor, de usar o word constantemente para verificar se é ‘s’ ou ‘ss’, ‘x’ ou ‘ch’. Vergonha eu terei de ti se passares por ai cheia de dados na cabeça e não souber contar uma piada, se não souber rir do tempo ‘perdido’, se errar e achar - senão por um minuto - que é o fim do mundo , se não se envolver com o encanto de uma criança e como ela que nada sabe e nem pretende.

Não se engane, como eu, achando que vida é descrita em tratado científico e em sistema filosófico, vida é liberdade poética. Pra ser artista não é preciso conhecer a história da arte é só pulsar no ritmo do coração.

Quem?

Quem não acha essa música linda, a mais bonita?

domingo, 22 de maio de 2011

O que nos une

A gente se esbarra, se estranha, lança um olhar “não fui com tua cara"... Mas tem algo que nos une, e não vai deixar de unir: a dor diante da morte. Porque eu e você - separados ou juntos e nos mesmos ou em momentos diferentes – nos igualamos na dor da perda, independente de qualquer coisa, fora o coração que gosta e que sente. Essa é a dor mais justa que existe, não por chegar a todos, mas porque nos arrasa indiscriminadamente - sem se importar se somos legais ou se passamos no sinal vermelho, se a gente sede lugar no ônibus ou se a gente joga lixo no chão, se somos maduros e confiantes ou bobos ignorando as pessoas ao nosso redor. A morte de quem a gente gosta faz isso: nivela-nos a quem a gente não gosta tanto e evidencia que não somos tão especiais assim por que cuidamos dos nossos.

Original de 2008

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Carta à uma póia - I (parte II)

Viver o que é ao certo não sei, mas sei que não é ser super-herói, santo ou mártir. É verdade que o capitalismo é uma sanguessuga de trabalhadores, que tem muita gente doente, tem muita gente com fome, tem muita gente desabrigada... Mas lembre-se também de quantas pessoas estão de barriga cheia, espalhadas no sofá vendo fantástico e de coração frio, seco... porque não mataram sua sede de carinho, a fome de atenção.

Sou tua amiga cheia de segundas intenções, se eu te escrevo essa carta, se escuto seus celeumas e se me sirvo de colo pra você é porque eu tento matar sua carência de atenção, de amor, de cuidado e ainda mais por que eu espero que você faça o mesmo por mim e por muitas outras pessoas. Porque meu desejo é que o mundo seja um jardim de sorrisos e eu começo sorrindo uma flor pra você, mesmo que você seja meio póia, meio sem noção e mesmo que você quase coloque meus segredos no rádio.

Mais do que eu, tem Deus que te ama independente de qualquer coisa, é importante te lembrar que é precisamente este tipo de amor nossa única e primeira obrigação nessa vida: amar desmerecidamente. Primeiro este amor, minha amiga.... por você e pelas outras pessoas. Só depois disso você poderá sair por ai mantando fomes literalmente, levantando bandeira contra o capitalismo, o desmatamento, a poluição e a pobreza. Mas antes... pare de chorar, arruma a maquiagem, o cabelo e abra um sorriso, não só no rosto, no coração mesmo.

“E a História humana não se desenrola apenas nos campos de batalha e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e galinhas, nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros de esquina.”
Ferreira Gullar

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Carta à uma póia - I (parte I)

Minha amiga, que tanta afobação é essa? Se acalme, você não tem que salvar o mundo ainda esta noite... nem durante tua vida toda... não, ela não é para isso. Basta que salve a si mesma, e poupe, assim, a mim e a sua mãe de tanta chorumela. A vida, minha amiga, não é tão misteriosa como parece, mistério mesmo é sua simplicidade.

Ai vai um mini manual da vida: Quando acordar de manhã não se apurinhe achando que tem que acabar com a fome no mundo, primeiro tome seu café tranqüila, ria da cara inchada de sono de seu irmão, beije a sua mãe e só. Se arrume, vá trabalhar e ria como bem sabe fazer para suas crianças. Volte pra casa, almoce, xingue pela bagunça da casa e durma no sofá assistindo sessão da tarde. À noite na igreja não precisa prestar atenção em tudo que o pastor diz... olhe para os lados, pisque pros gatinhos, que Deus não liga pra essas paqueradinhas. Essa rotina toda e esse ser sendo já cansa tanto a gente e você ai pensando em perfeição. Aff... dá preguiça só de pensar.

Tudo bem que sei que você é uma pessoa boa, que se incomoda com as injustiças do mundo, e isso é uma grande qualidade, a mais bonita, provavelmente, mas não vale morrer pelos outros (não dessa forma), não se ajuda ninguém assim. Se algum dia eu tiver triste e puder chorar no teu ombro terá matado minha fome de colo, se um dia sorrir despretensiosamente a um desconhecido terá matado a fome dele de simpatia. Ame um ou muitos alguéns e terás matado a carência de afeto de muito mais gente...

Palavra de luxo

Ensinamento


Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café , deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.

Adelia Prado

segunda-feira, 2 de maio de 2011

novo terrorismo psicológico

DIA HISTÓRICO: OSMA FOI MORTO! uuuufaaaa..... (diz a 'voz' do mundo)
Mas calma ai....
é possível a retaliação da Alcaeda???
e o Ayman al-Zawahiri ?

OMG --'

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Presentes que ganhei

Os últimos post foram um tanto deprê, pois é que eu fico assim às vezes, nostálgica, melodramática e ruminando coisas que já passaram - e que não foram expostas aqui objetivamente. Mas já passou, chorei o que tinha que chorar, desde o último texto eu estou bem melhor, cabeça ereta e a vida segue em frente.

Enfim fiz um horário de estudo, essa semana estudei química, tinha planejado estudar história também só que não deu certo. Em compensação estudei umas 5 horas todos os dias da semana, fazendo pausas, e deu tudo certo, nada de dores de ouvido, ou de cabeça, nada de estresse.

Eu não falei antes mas nos dias 5 e 6 desse mês eu estive numa casa de retiro participando de um encontro diocesano dos líderes de grupos de bases da pastoral da juventude e foi deveras supimpa. Conheci gente nova, o lugar era lindo, conversamos bastante, nos divertimos e resolvemos assuntos sérios como o futuro norte temático da pastoral. E foi nesse fim de semana que caiu a ficha da importância que tem sido participar de um grupo de jovens, de participar da igreja, de como essas experiências têm me oferecido coisas boas, de como as pessoas que eu tenho encontrado são tão simples e amorosas.

Engraçado, acabo de lembrar da impressão que tive no inicio desse mês quando uma amiga minha da faculdade que eu tranquei chegou de viagem. Quando a revi e ela me falava da dificuldade de continuar na faculdade sem minha companhia, vislumbrei o tamanho que tinha nossa amizade e de que dali em diante eu não a teria mais como companheira para conversar no meio da aula, pra falar mal das aulas de economia e nem pra chorar no banheiro, nem pra contar minhas dores, nem para escutar seus celeumas, dúvidas, nem pra compartilhar travessuras e tanta identificação.

Depois de minha amiga de ensino médio ter chegado e depois de ela ter ido embora, também no início de fevereiro, eu me dei conta da amiga que ela é, da imensidão do carinho que tenho por ela e ela por mim. Quando ela me deu seus cadernos de estudo de 2010 parecia que recebia um pedacinho seu. Folhei-os imaginando ela prestando atenção nas aulas e anotando tudo aquilo ali, pensei no que estava sentido, no afinco com que escreveu cada fórmula química, cada acontecimento histórico, cada equação. E me senti privilegiada de receber essa parte da vida dela.

E se me senti especial assim, desmerecida, é porque também me senti culpada achando que poderia ter sido melhor para as minhas amigas e para o meu grupo - presentes que ganhei -, que poderia parar de reclamar tanto e de ficar olhando só as coisas ruins que me acontecem.



"Tem dor que vira companhia. Olhando de perto, faz tempo que deixou de doer, só tem fama, mas a gente não solta. Quem sabe, pelo receio de não saber o que fazer com o espaço, às vezes grande, que ficará desocupado se ela sair de cena. Vazio é também terreno fértil para novos florescimentos, mas costuma causar um medo inacreditável.

Quando, finalmente, criou coragem e deixou de dar casa, comida e roupa lavada para a tal dor, ela desapareceu."

Desapego de Ana Jácomo

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

o verdadeiro


Faz algumas horas que Chico toca no player tentanto me ajudar a assimilar o que aconteceu. Nenhuma resposta exata me ocorre. Nada. “cala a boca bárbara”. Reler as cartas de um amor que não cumpriu sua função só me trazem lembranças das alegrias, dos medos e das dores passadas que as vezes parecem ainda presentes. Eu peço a Deus que me permita deixar isso tudo passar e que me presenteei com aquilo que eu realmente preciso pra viver, aquilo que falta, o verdadeiro.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Carta à um amigo.

Meu amigo, agora, depois de posto os pingos nos is e antes que eu diga "vá", você não está mais em minha vida. Essa sua figura na qual me refugiei morreu. Não existe mais. Não voltará. Nem outra do mesmo gênero.

1035 dias

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Eu te amo

Eu te amo -  Chico Buarque




Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.

A impressão que essa música me dá é a de que alguem para, e ao, vivenciar a vida de amante renunciou aos referenciais de quem era. [Rompi com o mundo, queimei meus navios] e que por isso no momento da música desconhecem um caminho diferente do de então[Me conta agora como hei de partir / Me diz pra onde é que inda posso ir/ Diz com que pernas eu devo seguir / Me explica com que cara eu vou sair], uma forma diferente de viver, não se imaginam fora dessa relação que lhes informa quem são. A voz do poema a todo tempo argumenta a impossibilidade de desconectar-se do seu amor.

As perguntas que rondam a minha mente são: O que leva alguém a romper com o mundo e queimar seus navios? Ou, em outras palavras, a amar? Deixar seu sangue perder-se na bagunça do coração de alguém, por qual motivo? A fazer de si a outra pessoa? Qual a justificativa do amor?

Eu te amo significa não poder viver longe do seu amor, significar não desvencilhar-se da imagem do amante. Mas o que antecede o ‘eu te amo’?

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

disfarçar minha dor eu não consigo



Pois é

Pois é!
Fica o dito e o redito
Por não dito
E é difícil dizer
Que foi bonito
É inútil cantar
O que perdi...

Taí!
Nosso mais-que-perfeito
Está desfeito
O que me parecia
Tão direito
Caiu desse jeito
Sem perdão...

Então!
Disfarçar minha dor
Eu não consigo dizer:
Somos sempre bons amigos
É muita mentira para mim...

Enfim!
Hoje na solidão
Ainda custo
A entender como o amor
Foi tão injusto
Prá quem só lhe foi
Dedicação
Pois é!

sábado, 29 de janeiro de 2011

Carta à um amigo e o que eu não sei mais.

No janeiro passado sua presença se fazia definitiva na minha vida, dizendo-me quem eu era, o que sentia, o que era a vida e tudo mais. No mês atual não posso suportar a calmaria das manhãs e lembrar de você, não posso nem mesmo com o amargo do chá verde e com a minha imagem no espelho, que já não me diz nada, só revela a falta, a sua falta.

As músicas de antes, agora penetram meus ouvido feito arame farpado, e só me consola os versos do poeta que dizem "Futuros amantes, quiçá / Se amarão sem saber / Com o amor que eu um dia / Deixei pra você". Além disso, tudo o que vejo é o mundo aqui debaixo e as estrelas parecem extremamente distantes.

Se sinto saudade? Muita. Saudade daquela sua alegria, a qual me prometeu simpaticamente que eu seria alegre pro resto da vida, que nunca mais reclamaria de sertanejo, do Faustão e do Big Brother, que nunca mais me aporrinharia com provas, testes e com o que pensam as pessoas. A minha dor no ouvido iria sumir junto com minhas dores de cabeça, os quilos extra e as marcas de espinha no rosto, e meu cabelo seria lindo: com você ao meu lado, que faria do meu sonho realidade e de mim eu mesma. Esqueceria que a vida é vazia, sem sentido, e que a dor existe, como se tudo que vivi antes fosse apenas um filme que eu assistir, mas não experimentei na pele.

Meu amigo, não mais meu amor.

E eu agora quem sou, o que sinto? Não sei.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Carta à um amigo e o estar no mundo

Meu Caro,

Você, diferente de mim, é uma daquelas pessoas que entendem a vida como um fim em si mesma, que tem que ser vivida e ponto, sem elucubrações. Você tem um medo genuíno da morte, de que as coisas não aconteçam, de ficar parado. Toda essa sua lógica é pra mim muito esquisita. Eu que vivo em preto e branco e entendo só do vazio, da falta de sentido das coisas não consigo compartilhar do seu mundo. O máximo que posso é te admirar, como numa perfeita experiência poética, artística, de puro encantamento e incompreensão.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Inconveniências

Eu não fui bem não Enem, não passei onde queria. O Sisu me aborreceu bastante. Eu queria ser superdotada, queria ter estudado numa escola melhor, queria ter descoberto antes o curso mais “apropriado”. Não concordo com as superficialidades do Reinaldo Azevedo. E não tô legal.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Porque a vida só me oferece limões

Nessas férias tudo que mais tenho feito é dormir, mas quando canso vou ler alguma coisa ou assistir à um filme. Ontem vi Coraline. Soube dele em um texto que o analisa sob o foco psicanalítico, fiquei interessada e baixei, mas cheguei a conclusões um tanto mais pessoais (ou superficiais).

Resuminho: O filme foi baseado no livro de Neil Gaiman e conta a história de uma menina que anda infeliz, pois mudou de casa e seus pais não lhe dão atenção. De repente ela encontra uma porta secreta que dá acesso a um mundo onde tudo é muito maravilhoso, do jeito que ela sempre sonhou. O preço por toda essa felicidade? A sua própria vida. Mas ao perceber isso, já é tarde demais e para vencer este problema ela tem que derrotar a vilã da história, uma bruxa malvada que engana criancinhas infelizes.

Fiquei a pensar nas vezes em que me senti a última pessoa da face da terra (draminha >.<), como Coraline, e ai a criação de um mundo novo, no qual tudo era perfeito, servia com um refúgio, onde me abrigava ao fugir da "realidade". Convenhamos que todo mundo vive fases em que nada dá certo, a solidão aperta no peito e parece que só a dor é companheira enquanto coisa alguma vai passar; fazendo da fuga a única opção. O começo é até satisfatório, mas não demora aparece "uma mãe" que quer trocar arrancar nossos olhos e por botões no lugar e o sonho vira pesadelo.


Tem uma frase de Proust (não sei se é mesmo dele) que rola na internet assim: "A verdadeira viagem de descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos.". É a essa conclusão que cheguei assistindo ao filme, Coraline não perde seus olhos, mas ela tranca a porta secreta do tal mundo maravilhoso e volta pra sua realidade com os seus pais, que não lhe dão tudo o que deseja, para o jardim da sua casa, que não é magnífico como o do outro mundo, e para os vizinhos que a chamam de "Caroline". Mesmo que não seja perfeita é essa a vida que ela de verdade tem e com certeza depois ela passou a ver diferente (ou melhor) tudo isso.

Quando eu me apaixono o mundo parece que fica cor de rosa, tudo lindo e perfeito, mas quando a paixão acaba é preciso voltar a minha vida de verdade, a real. Me olhando no espelho e não me achando bonita, ciente de que as pessoas podem me decepcionar, de que nem tudo vai dar certo - na verdade mais coisa costuma dar errado que certo -, mas que com um pouco de sorte e com um olhar mais doce entre uma agrura e outra haverá alguma alegria.

PS: Quatro dias atrás fiz 18 anos e um bom tempo antes eu planejava escrever um post para a data mas não deu certo, escrevi alguns parágrafos desconexos que vão ficar pra uma outra oportunidade.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Desarmados, amigos.

Muita gente reclama que tem-se dito muito ‘te amo’ de forma banal, principalmente na internet. Lendo hoje os poucos depoimentos que recebi pelo Orkut e os que mandei parei para pensar sobre a freqüência da palavra amor neles.

Concordo que o amor é mais que uma palavra, é um sentimento de ação, que deve ser demonstrado. Mas não presumo que demonstrações de amor sejam atos estritamente heróicos, nos quais alguém se sacrifica por outra pessoa, ou coisa do tipo. Pra mim, o amor é simples e discreto, especialmente o amor que amizade permite, ele não precisa de muito, nada de sensacional.

Desde pequena o sentimento de falta, a solidão, fez parte da minha vida, de forma que por certo tempo achei que ele deveria sumir quando tivesse uma amizade que eu chamasse de verdadeira, de grande. Eu tive e tenho algumas amizades, entretanto elas não taparam o meu vazio e elas também não foram e nem são histórias espetaculosas, mas este não é motivo, a questão é outra.

Dentro da minha história tenho posto no rol da amizade aquelas pessoas que me deram alegria, me ensinaram qualquer lição (sem saber que o faziam), aquelas que me contaram seus celeumas e as que escutaram os meus, quem com seu papo me fez imaginar, refletir ou só rir, dedicou a mim seu tempo sendo simplesmente quem era, livre de pretensões veladas, resumindo: aqueles que por alguns momentos puderam me distrair da dor.

Para essas pessoas eu não posso deixar de dizer que as amo, nem que seja por depoimento no orkut. Espero de verdade que tenha sido pra os meus amigos, reciprocamente, amiga e que os ‘te amo’s no meu perfil signifique isto.

“Ah, não; amigo, para mim, é diferente. Não é um ajuste de um dar serviço ao outro, e receber, e saírem por este mundo, barganhando ajudas, ainda que sendo com o fazer a injustiça dos demais. Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. Ou – amigo – é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por quê é que é.” 
Guimarães Rosa