segunda-feira, 6 de junho de 2011

a justa oportunidade

Não sou do tipo que sente pouco, não é oito ou oitenta, comigo é oitocentos. E nessa eu já não tenho mais unhas, teclar doem as pontas dos dedos, eu sai hoje com uma calça que semana passada eu julgaria suja, com uma blusa que mês passado eu levaria para doação e com a cara amarrada feito criança mimada desejando pena. Do que isso adianta? Pra que me serve escrever cartas, pretensos manuais, se quando o coração que dói é o meu não consigo deixar que ninguém me ajude a curá-lo? Nada.

A verdade é que a culpa que aperta meu coração não faz o tempo voltar e eu – ao contrário de magoar - sorrir sinceramente, ou ela não vai lá e pede desculpas. As lágrimas de arrependimento não são capazes de retirar a marca ruim que eu deixei por mero descuido, ou mesmo medo e egoísmo besta de quem quer prender-se em si mesmo, de quem não quer ser conhecido, de quem quer mentir que não precisa do outro e de quem não admite que é frágil, fraco e precisa de ajuda.

E hoje depois de perguntar sem resposta porque eu continuo manca assim, porque essas feridas continuam abertas, depois de eu ter acreditado que essa sensação não voltaria, a minha oração termina pedindo a Deus a justa oportunidade de remissão.




PS: É nessas horas que a gente percebe que é muito difícil deixar-se erguer pelo outro, ser o manco ou o cego da história enquanto se pretende ser o mascarado fariseu.

Um comentário: