terça-feira, 28 de dezembro de 2010

2010, pela ultima vez

Quem me acode à cabeça e ao coração
neste fim de ano, entre alegria e dor?
Que sonho, que mistério, que oração?
Amor.

Carlos Drummond 

Não vou mais dizer que 2010 foi de todo ruim, eu fiz muita coisa que eu gosto, coisas boas aconteceram e eu aprendi bastante. Que 2011 seja uma viagem de novas descorbetas e de novos olhos.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Feliz ano velho (parte II)

Apesar dos tropeços no percurso, foi neste ano de 2010 que os eu olhei pros cantos e enxerguei os efeitos persistentes de uma morte que eu nem lembrava conscientemente mas que ainda dói; entendi o que realmente a vida exige e dentre essas exigências quais eu posso oferecer; decidi o que quero fazer da vida, e isso me trouxe muita leveza; enfim, "lamentei, já quis a morte, fui da faca o corte mas me levantei, entendi as linhas tortas, destranquei as portas, todo mal me fez bem."

"poderia até pensar que foi tudo sonho
ponho meu sapato novo e vou passear
sozinho, como der, eu vou até a beira
besteira qualquer nem choro mais"

Senti a falta que uma amiga verdadeira faz, senti falta de um ombro desinteressado, de um palavra sincera, de conversar com quem fala sua língua. Aprendi a conviver melhor com pessoas diferentes de mim. Descobrir que o amor é gratuito, desmerecido, inesperado e que é a única coisa justifica e assegura a vida. Sofri, também, a dor do egoísmo, compreensão escassa, da falta da verdade e de encontros reais, com quem não se esconde.

"só levo a saudade morena
e é tudo que vale a pena"

Concluo que, conforme Fernando pessoa, viver não é preciso, mas tudo vale a pena, se a alma não é pequena.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Feliz ano velho (parte I)

Leituras aleatórias sobre o final do ano, a decoração natalina na cidade e a data de um mês para o meu aniversário afirmam que o ano esta no final e me obrigam a escrever sobre ele, 2010. Tinha pensado que seria bobagem e que qualquer palavra genérica - de 'como foi bom o ano e que o que vem seja melhor' - bastaria, mas não basta. 2010 foi um ano complicado, confuso. Ele começou com o fim da escola, então comecemos com que houve antes deste ano.

"– bem, como vai você?"

Eu cheguei a 2009 disposta a ser uma pessoa diferente, a mudar o modo como via o mundo, de entender a mim e as outras pessoas, e, depois de muito sofrimento e de dificuldade de estar no mundo, eu realmente me sentir mudada. Foi isso o que sentia no fim de 2009. Passado uma fase de tempestade, enfim, viera a calmaria e passei a sonhar com o 2010 dos sonhos, perfeito como só ele. Eu não odiava mais viver, não odiava mais a minha imagem no espelho, não odiava mais todas as pessoas, não odiava mais o mundo. Fui de um extremo ao outro. E assim entrei em 2010.

Nova. Outra. Camila. Assim me sentia. E me sentindo desconectada, totalmente diferente do que fui, eu desejei nunca mais ser aquela. Comecei a terapia no dia anterior ao do meu aniversário, contei a terapeuta como eu achava que era, quem eu tinha sido, o que não queria mais ser. A princípio aquele novo sentimento que me fez sorrir, me trouxe leveza, me fez ver vida com mais naturalidade transformou-se gradativamente em peso, pressão, obrigação, ansiedade e logo eu estava em crise novamente.

"levo assim, calado, de lado do que sonhei um dia, como se a alegria recolhesse a mão pra não me alcançar"

E de novo eu no meio de 2010, de maio para junho, de cara com a alegria que não durou para sempre tentei me reerguer, fugir de mim até quando não pude mais. Em outubro eu fui rosa despedaçada. Foi um mês em que estive intensamente triste, desolada, decepcionada, desiludida, fraca, sem energia. Olhando olho no olho a minha dor. Na verdade, outubro ainda não passou, eu ainda sinto a fadiga, o desgaste, a falta de vontade bem lá no fundo querendo vir a tona e ainda ontem de manhã na faculdade escrevi 13/10 nas anotações.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Tempo da travessia

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares.É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.
Fernando Pessoa


Mudar de opinião não é defeito moral.

Vou dizendo logo claramente a que conclusão quero chegar. Esse ano, depois de ter terminado a escola, eu resolvi fazer dois cursos, matemática e direito. Muita gente me criticou, 'nossa o que uma coisa tem a ver com a outra', 'pra que matemática?, não dá futuro a ninguém', 'você não vai agüentar'. Primeiramente isso é muito irritante e essas pessoas só podem parecer preocupadas, mas de fato não estavam. Não vou nem entrar nas hipóteses de sentimentos que motivavam essa afirmações, para não rememorar a minha raiva.

Quando eu resolvi largar os dois cursos e optar por medicina as opiniões foram mais indecorosas, e de quem eu menos esperava, de pessoas que estavam comigo diariamente, 'termina logo direito, passe em um concurso e fique em paz', 'você não se decide', 'quantos cursos você quer fazer na vida'. Pior foi que quem eu esperava que compreendesse minha aflição por estar perto de mim simplesmente desdenhou e não deu valor ao motivos que me levava aquela decisão.

Mas nem tudo foi assim tão infeliz, eu tive amigas que mesmo de longe me apoiaram, meu pais, sempre incondicionais, também não hesitaram encorajamento. E os meus motivos de mudar de opinião são sólidos a ponto de que desestímulos como os que eu recebi não tivessem efeito.

Fazer duas faculdade foi uma decisão desajeita mas sem ela hoje eu não teria a certeza do que quero de verdade pra mim daqui pra frente. Essa pessoas que olham de fora com olhares invejosos não sabem de nada, essas outras que mesmo de perto pareciam cegas a mim só mostraram que não tem o mínimo requisito de uma amizade, a delicadeza.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Algumas coisas

Hoje pela manhã eu fiz a prova do vestibular da uneb, demorei mais do que esperava, levei 2 horas pra fazer a redação e passar a limpo, repito duas horas, para fazer, passar para a folha de resposta a lápis, e depois a caneta. Quando sai estava confiante mas depois de pensar melhor ela ficou muito grande, não dei título e usei as 30 linhas disponíveis, acho que dei uma enrolada, dava pra ter sido mais direta e concisa, mas agora já era.
A proposta resumia-se na frase "O homem nasceu livre e por toda a parte ... O homem nasceu livre e por toda a parte vive acorrentado", Jean Jacques Rousseau, tinha a música cotidiano e Chico, um texto que falava das diversas rotinas das pessoas, e outro sobre o elefante que vive preso a uma frágil corda que facilmente poderia arrebentar, mas não o faz porque quando pequeno não podia com ela e cresceu sem saber que tinha força para rompe-la.
Eu fiz uma viagem no tempo falando da liberdade como uma invenção moderna, e que a própria modernidade representou a liberdade da idade média e a criação de novos Cáceres. Enfim, achei que meu texto ficou denso nessa visão macro-histórica. Poderia ter sido mais simples e direto. Tomara que os examinadores não achem o mesmo.

Essa semana tenho quatro provas, direito civil e constitucional, na facul de direito, e matemática II e geometria analítica, na facul de matemática. vai ser uma semana sofrida, só que depois dela estarei livre! livre pra voar. Será o fim do meu martírio, essa loucura de fazer cursos loucos que não tem nada a ver comigo. Não consigo conter a alegria das férias chegando *__*.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

a vida é pra já

Neste exato momento que escrevo o post toca no player Chico, ele diz "não se afobe, não... que nada é pra já, o amor não tem pressa ele pode esperar", este mesmo verso ecoa teimoso na minha mente a dias, primeiro, num tom de alento e, hoje, desesperança. O amor negado no presente e prometido para futuro é o que diz em "futuros amantes quisá se amarão o amor que um dia deixei pra você". Quisá, talvez, quem sabe, se Deus quizer...

As reticências podem ser românticas, podem permitir a divagação e que eu conclua o que eu quiser, mas a verdade é que o não-realizado e esse vazio que elas deixam, mesmo que possa vir a ser preenchido, me afoba, apesar dele tentar me acalmar. E se na verdade depois houver um não, contrario ao meu sim. Um pesadelo, ao invés de um sonho. Uma dor no lugar do amor. Uma decepção e não uma realização.

O perigo do engano, desse amor que fica pra depois, e a incerteza desse depois não me agrada mais, muito menos a espera de que vida seja realizada, em um futuro que se torna um presente inverso do desejado ou que nunca se torna. Essa impossibilidade do agora é o que me aflige, afoba mesmo.

O que a gente perde esperando os escafandristas, os sábios, milênios, milênios? O quanto a gente não preenche em nós mesmos esperando esse futuro amor? Melhor dizendo, o quanto é perdido de si na espera? Esperar parece um estado estático que cansa. Vida ociosa tende a deixar de ser vida.

O meu medo, o maior deles, é de perder o presente, de me perder, olhando pro lado errado, de esvair a vida mais certa de acontecer que é a de agora, a deste momento que escrevo, que emprego significado aos acontecimentos, que planejo a melhor estratégia, o único em que tenho a certeza exite e que eu existo.