sábado, 29 de janeiro de 2011

Carta à um amigo e o que eu não sei mais.

No janeiro passado sua presença se fazia definitiva na minha vida, dizendo-me quem eu era, o que sentia, o que era a vida e tudo mais. No mês atual não posso suportar a calmaria das manhãs e lembrar de você, não posso nem mesmo com o amargo do chá verde e com a minha imagem no espelho, que já não me diz nada, só revela a falta, a sua falta.

As músicas de antes, agora penetram meus ouvido feito arame farpado, e só me consola os versos do poeta que dizem "Futuros amantes, quiçá / Se amarão sem saber / Com o amor que eu um dia / Deixei pra você". Além disso, tudo o que vejo é o mundo aqui debaixo e as estrelas parecem extremamente distantes.

Se sinto saudade? Muita. Saudade daquela sua alegria, a qual me prometeu simpaticamente que eu seria alegre pro resto da vida, que nunca mais reclamaria de sertanejo, do Faustão e do Big Brother, que nunca mais me aporrinharia com provas, testes e com o que pensam as pessoas. A minha dor no ouvido iria sumir junto com minhas dores de cabeça, os quilos extra e as marcas de espinha no rosto, e meu cabelo seria lindo: com você ao meu lado, que faria do meu sonho realidade e de mim eu mesma. Esqueceria que a vida é vazia, sem sentido, e que a dor existe, como se tudo que vivi antes fosse apenas um filme que eu assistir, mas não experimentei na pele.

Meu amigo, não mais meu amor.

E eu agora quem sou, o que sinto? Não sei.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Carta à um amigo e o estar no mundo

Meu Caro,

Você, diferente de mim, é uma daquelas pessoas que entendem a vida como um fim em si mesma, que tem que ser vivida e ponto, sem elucubrações. Você tem um medo genuíno da morte, de que as coisas não aconteçam, de ficar parado. Toda essa sua lógica é pra mim muito esquisita. Eu que vivo em preto e branco e entendo só do vazio, da falta de sentido das coisas não consigo compartilhar do seu mundo. O máximo que posso é te admirar, como numa perfeita experiência poética, artística, de puro encantamento e incompreensão.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Inconveniências

Eu não fui bem não Enem, não passei onde queria. O Sisu me aborreceu bastante. Eu queria ser superdotada, queria ter estudado numa escola melhor, queria ter descoberto antes o curso mais “apropriado”. Não concordo com as superficialidades do Reinaldo Azevedo. E não tô legal.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Porque a vida só me oferece limões

Nessas férias tudo que mais tenho feito é dormir, mas quando canso vou ler alguma coisa ou assistir à um filme. Ontem vi Coraline. Soube dele em um texto que o analisa sob o foco psicanalítico, fiquei interessada e baixei, mas cheguei a conclusões um tanto mais pessoais (ou superficiais).

Resuminho: O filme foi baseado no livro de Neil Gaiman e conta a história de uma menina que anda infeliz, pois mudou de casa e seus pais não lhe dão atenção. De repente ela encontra uma porta secreta que dá acesso a um mundo onde tudo é muito maravilhoso, do jeito que ela sempre sonhou. O preço por toda essa felicidade? A sua própria vida. Mas ao perceber isso, já é tarde demais e para vencer este problema ela tem que derrotar a vilã da história, uma bruxa malvada que engana criancinhas infelizes.

Fiquei a pensar nas vezes em que me senti a última pessoa da face da terra (draminha >.<), como Coraline, e ai a criação de um mundo novo, no qual tudo era perfeito, servia com um refúgio, onde me abrigava ao fugir da "realidade". Convenhamos que todo mundo vive fases em que nada dá certo, a solidão aperta no peito e parece que só a dor é companheira enquanto coisa alguma vai passar; fazendo da fuga a única opção. O começo é até satisfatório, mas não demora aparece "uma mãe" que quer trocar arrancar nossos olhos e por botões no lugar e o sonho vira pesadelo.


Tem uma frase de Proust (não sei se é mesmo dele) que rola na internet assim: "A verdadeira viagem de descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos.". É a essa conclusão que cheguei assistindo ao filme, Coraline não perde seus olhos, mas ela tranca a porta secreta do tal mundo maravilhoso e volta pra sua realidade com os seus pais, que não lhe dão tudo o que deseja, para o jardim da sua casa, que não é magnífico como o do outro mundo, e para os vizinhos que a chamam de "Caroline". Mesmo que não seja perfeita é essa a vida que ela de verdade tem e com certeza depois ela passou a ver diferente (ou melhor) tudo isso.

Quando eu me apaixono o mundo parece que fica cor de rosa, tudo lindo e perfeito, mas quando a paixão acaba é preciso voltar a minha vida de verdade, a real. Me olhando no espelho e não me achando bonita, ciente de que as pessoas podem me decepcionar, de que nem tudo vai dar certo - na verdade mais coisa costuma dar errado que certo -, mas que com um pouco de sorte e com um olhar mais doce entre uma agrura e outra haverá alguma alegria.

PS: Quatro dias atrás fiz 18 anos e um bom tempo antes eu planejava escrever um post para a data mas não deu certo, escrevi alguns parágrafos desconexos que vão ficar pra uma outra oportunidade.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Desarmados, amigos.

Muita gente reclama que tem-se dito muito ‘te amo’ de forma banal, principalmente na internet. Lendo hoje os poucos depoimentos que recebi pelo Orkut e os que mandei parei para pensar sobre a freqüência da palavra amor neles.

Concordo que o amor é mais que uma palavra, é um sentimento de ação, que deve ser demonstrado. Mas não presumo que demonstrações de amor sejam atos estritamente heróicos, nos quais alguém se sacrifica por outra pessoa, ou coisa do tipo. Pra mim, o amor é simples e discreto, especialmente o amor que amizade permite, ele não precisa de muito, nada de sensacional.

Desde pequena o sentimento de falta, a solidão, fez parte da minha vida, de forma que por certo tempo achei que ele deveria sumir quando tivesse uma amizade que eu chamasse de verdadeira, de grande. Eu tive e tenho algumas amizades, entretanto elas não taparam o meu vazio e elas também não foram e nem são histórias espetaculosas, mas este não é motivo, a questão é outra.

Dentro da minha história tenho posto no rol da amizade aquelas pessoas que me deram alegria, me ensinaram qualquer lição (sem saber que o faziam), aquelas que me contaram seus celeumas e as que escutaram os meus, quem com seu papo me fez imaginar, refletir ou só rir, dedicou a mim seu tempo sendo simplesmente quem era, livre de pretensões veladas, resumindo: aqueles que por alguns momentos puderam me distrair da dor.

Para essas pessoas eu não posso deixar de dizer que as amo, nem que seja por depoimento no orkut. Espero de verdade que tenha sido pra os meus amigos, reciprocamente, amiga e que os ‘te amo’s no meu perfil signifique isto.

“Ah, não; amigo, para mim, é diferente. Não é um ajuste de um dar serviço ao outro, e receber, e saírem por este mundo, barganhando ajudas, ainda que sendo com o fazer a injustiça dos demais. Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. Ou – amigo – é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por quê é que é.” 
Guimarães Rosa


sábado, 8 de janeiro de 2011

Um filme, um livro

Eu sou uma pessoa meio atrasada para assistir filmes, ler livros, e saber de coisas meio polêmicas, depois que todo mundo já viu e falou de tropa de elite 2 e só assisti ao filme ontem, depois de a história já estar "fria". Não tenho competência para fazer uma análise muito aprofundada ou especializada, tentei uma que vai ficar apenas aqui no HD pra daqui uns anos eu ler e rir da mediocridade rs. Me limito a dizer que gostei muito mais do que do primeiro, a continuação tinha uma visão social muito mais ampla, complexa e inquietante.

Tem um livro que eu desejava ler faz muito, mas muito, tempo mesmo que já nem lembrava mais dele. Terça-feira depois de ir ao dentista passei na livraria e eis que encontro o filho único no balcão: "A insustentável leveza do ser". Pulei de alegria, mas na hora de pagar o cartão não estava passando. Entristeci por apenas alguns segundos, pedi a moça para guardar que pegaria mais tarde. Voltei pra casa e papai passou lá e pegou.

Sinceramente esperava mais do livro, sei lá, é verdade que nem terminem ainda, só que ele não conseguiu me envolver. Nem por isso ele deixa de ser bom, tenho gostado do papo meio psicanalítico, da análise das motivações dos personagens que eles mesmos desconhecem, do entrelace da revolução russa com as tensões pessoais, da dicotomia, ou unicidade, do sexo e do amor... Espero daqui até o fim que meu conceito melhore! Quando terminar volto a comentar melhor o livro e vou separar alguns trechos interessantes.

Um beijo, gente!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

2011 - tudo vai ser diferente

“Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança,
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar
e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez,
com outro número e outra vontade
de acreditar que daqui pra frente…
tudo vai ser diferente!”
 
Carlos Drummond de Andrade

A virada do ano tem esse poder de nos fazer acreditar que tudo vai ser diferente e que vai ser melhor, esperança gostosa essa que só o ano novo causa. Feitas as promessas de fim de ano vamos começar tentando cumpri-las, neh ;D, mas sem paranóia e super cobranças. Ah eu pretendo estudar mais, frenquentar a academia e as aulas de yoga religiosamente, e, não poderia faltar, to a fim de perder uns quilinhos rs
E mais importante que tudo, quero estar tranquila, com a mente calma a maior parte do tempo para tomar as melhores decisões, procrastinar dentro da normalidade e, assim, sofrer menos.