domingo, 27 de novembro de 2011

O que eu quero

"O que ela quer é falar de amor. Fazer cafuné, comprar presente, reservar hotel pra viagem, olhar estrela sem ter o que dizer. Quer tomar vinho e olhar nos olhos. Ela quer poder soprar o que mora dentro, o que não cabe, que voa inocente e suicida. Ela quer o que não tem nome. Quer rir sem saber de quê, passar horas sem notar, quer o silêncio e a falação. Ela quer bobagem. Quer o que não serve pra nada. Quer o desejo, que é menos comportado que a vontade. Ela quer o imprevisto, a surpresa, o coração disparado, o medo de ser bom. Quer música, barulho de e-mail na caixa, telefone tocando. Ela tem muito e quer mais. Quer sempre. Quer se cobrir de eternidade, quer o oxigênio do risco pra ficar sempre menina. Ela quer tremer as pernas, beijo no ponto de ônibus e a milésima primeira vez. Quer cor e som, lembrança de ontem, sorriso no canto da boca. Ela quer dar bandeira. Quer a alegria besta de quem não tem juízo. O que ela quer é tão simples. Só que ela não é desse mundo."

(Cris Guerra)

Revisão

"...que tal fazer com que a experiência de estarmos vivos seja aproveitada o melhor possível. Definitivamente não devemos perder nosso precioso tempo fazendo aquilo que não gostamos, desperdiçando nossas verdadeiras habilidades e nos lamentando diariamente pela paralisia nos caminhos errados. Sempre é hora para uma boa revisão de nossas escolhas. Vale a pena lembrar que caminhos errados sempre se manifestam, no fundo sempre sabemos quando estamos trilhando aquele que não é nosso !! Se sua caminhada não está a contento, bacana refletir se não é hora de mudar o rumo, afinal temos o livre arbítrio e o controle de nossas vidas. Os dias não voltam assim como as semanas, meses, anos …"

sábado, 26 de novembro de 2011

Contentamento

"Fica contente, amor, fica contente. Eu queria tanto que as pessoas todas fossem mais contentes, é tão bom ficar contente. A gente vê na rua todo mundo tão triste, por que as pessoas estão tristes? Ahn? Queria tanto sair por aí alegrando as pessoas, olha, não fique triste, segura minha mão e vem comigo que te mostro o jardim da alegria com Deus lá dentro, vem.'' (Lygia Fagundes Telles)

"E se não quisermos, não pudermos, não soubermos, com palavras, nos dizer um pouco um para o outro, senta ao meu lado assim mesmo. Deixa os nossos olhos se encontrarem vez ou outra até nascer aquele sorriso bom que acontece quando a vida da gente se sente olhada com amor. Senta apenas ao meu lado e deixa o meu silêncio conversar com o seu. Às vezes, a gente nem precisa mesmo de palavras." (Ana Jácomo)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Velho inexperiente/ Aprender

"Inexperiência. Primeiro título considerado para A insustentável leveza do ser. "O planeta da inexperiência". A inexperiência como uma qualidade da condição humana. Nasce-se uma vez por todas, jamais se poderá recomeçar uma outra vida com as experiências da vida precedente. Sai-se da infância sem saber o que é a juventude, , casa-se sem saber o que é ser casado, e mesmo, quando entramos na velhice, não sabemos para onde vamos: os velhos são crianças inocentes de sua velhice. Neste sentido, a terra do homem é o planeta da inexperiência."

Milan Kundera


Josef : Eu acho, que você e eu, talvez, possamos ir para algum lugar. Juntos. Um dia destes. Hoje. Agora mesmo. Venha comigo.
Hanna : Não, eu não acho que vai ser possível.
Josef : Por que não?
Hanna : Hum, porque eu acho que se nós formos embora para algum lugar juntos, eu tenho medo que um dia, talvez não hoje, talvez sim, talvez não seja amanhã, mas um dia, de repente, eu possa começar a chorar e chorar tão alto que nada nem ninguém poderá me parar e as lágrimas vão encher a sala e eu não vou ser capaz de respirar e eu vou te puxar para baixo comigo e nós dois vamos afogar.
Josef :
Eu vou aprender a nadar, Hanna. Eu juro, eu vou aprender a nadar.


Do filme: A Vida Secreta das Palavras

conselho pra mim?


enquanto finjo, enquanto fujo...

as respostas

Já é noite e o que sinto não se descreve a não pela palavra vazio, solidão. Estou desnorteada. Sei lá o que acontece comigo, que me deixa assim. Estou tentando para de fazer as coisas por conta de um vicio ou mania, eu quero pensar e refletir sobre minhas ações. Não sei por que eu estava tão bem e agora eu tenho que me sentir assim. Se pudesse dormir e sonhar com as respostas de todos meus problemas, ou se houvesse uma pilulasinha que fosse que diluísse este desanimo, mas que garantisse algo durável, sem tantas oscilações como me foi o amor. ( uma pilulasinha que fosse)

Maio de 2010

Notas


1. Embaraço é a palavra que resume minha relação com a vida. Eu sou aquele tipo que dificilmente se sente confortável onde, com quem e como está, como se viver não fosse a minha vocação.

2. Solidão é o meu sentimento predominante, eu não consigo me senti conectada com ninguém, muito pelo contrário, constantemente a sensação de abandono me faz longas visitas. Eu sinto necessidade de afeto mas eu não sei dizer, eu não sei assumir que preciso de ajuda, de companhia, de amigo e de amor, que eu tenho medo de ser só, e ficar só é um sofrimento terrível.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

do nada


Teresinha
O primeiro me chegou
Como quem vem do florista:
Trouxe um bicho de pelúcia,
Trouxe um broche de ametista.
Me contou suas viagens
E as vantagens que ele tinha.
Me mostrou o seu relógio;
Me chamava de rainha.

Me encontrou tão desarmada,
Que tocou meu coração,
Mas não me negava nada
E, assustada, eu disse "não".

O segundo me chegou
Como quem chega do bar:
Trouxe um litro de aguardente
Tão amarga de tragar.
Indagou o meu passado
E cheirou minha comida.
Vasculhou minha gaveta;
Me chamava de perdida.

Me encontrou tão desarmada,
Que arranhou meu coração,
Mas não me entregava nada
E, assustada, eu disse "não".

O terceiro me chegou
Como quem chega do nada:
Ele não me trouxe nada,
Também nada perguntou.
Mal sei como ele se chama,
Mas entendo o que ele quer!
Se deitou na minha cama
E me chama de mulher.

Foi chegando sorrateiro
E antes que eu dissesse não,
Se instalou feito posseiro
Dentro do meu coração.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

recriar


Observando que somos seres feitos de terra e ar, de sonho e realidade, de alegria e tristezas, na verdade a gente não tem nada pra dar pra ninguém. O mais rico e o mais pobre, o mais sábio e o mais confuso, tem exatamente o mesmo para ser doado ao outro.

É nossa própria vida cheia de tentativas e erros, nosso próprio mundo, nossa histórias, nossos traumas e tratados de como viver que podem - se permitimos - serem apenas- o que já é muito - compartilhados. E é nessa comunhão que potencialmente é recriado o mundo, a realidade, a vontade, o olhar, a pele, o ânimo, enfim: a nós mesmos.



Diotima explicando a Platão a força educadora de Eros sobre o amante: fazê-lo ascender espiritualmente, libertar-se das paixões e reconhecer o belo, o divino: "somente quando vir o belo, ocorrer-lhe-á produzir não sombra de virtude, porque não é em sobra que estará tocando, mas reais virtudes"


Nossa sina é se ensinar...
A sina nossa...
Minha senhora diz:
Bons ventos para nós
Para assim sempre
Soprar sobre nós...
(Sina nossa - O Teatro Mágico)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

apesar do aperto



Apesar da inevitável rendição às lagrimas, apesar do aperto no peito, a gente não pode acreditar que a vida é isso, que ela é esse momento apenas; a gente não tem o direito de achar que não merece ser feliz; a gente não tem o direito de acreditar que as coisas não vão melhorar.

"Mas eu desejo, profundamente, que Deus também ouça as preces que lhe dirijo quando eu não consigo elaborar prece alguma. Quando a dor é tão grande que minha fala não passa de um emaranhado de palavras confusas e desconexas que desenham um troço que nem eu entendo. Quando o medo me paralisa e perturba de tal forma que eu me encolho diante da vida feito um bicho acuado. Quando me enredo nas minhas emoções com tanta confusão que parece que aquele tempo não vai mais passar.
Que Deus ouça também as preces que lhe dirijo quando só consigo chorar e, mesmo depois de já ter chorado muito, tenho a sensação de ainda não ter chorado tudo. Quando me sinto exaurida e me entrego a esse cansaço completamente esquecida dos meus recursos. Há momentos em que a gente parece ignorar tudo o que pode nos ajudar a lidar melhor com os desafios. Há momentos, ainda, em que a gente se confunde sobre o local onde, de verdade, os desafios começam.
Que Deus ouça também as preces que lhe dirijo quando me parece que eu não acredito em mais nada. Quando sou incapaz de ver qualquer coisa além do foco onde coloco a minha dor. Quando não consigo articular meus pensamentos nem entrar em contato com alguma doçura que me faça lembrar das coisas que realmente nos movem. Quando não lhe dirijo nenhuma prece. Nem com palavras. Nem com um sorriso enternecido quando dou de cara com uma flor. Com um pôr-de-sol. Com uma criança. Com uma lua cheia. Com o cheiro do mar. Com o riso bom de um amigo. Que ele me ouça com o seu ouvido amoroso e me acolha no seu coração, porque é exatamente nesses momentos que eu não consigo ouvi-lo." Ana Jácomo

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Carta à um amigo e o incerto.


Ei meu amigo já reparou nesses tempos incertos? Tens percebido comigo que a única certeza é a falta de certeza? Sinto sua falta. Especialmente da sua segurança e da sua fé de quem olha para o horizonte sem saber onde vai chegar mas que sabe que vai chegar. Se você se pergunta o que esta acontecendo comigo, saiba que isso mesmo que estas pensando. Eu estou perdida. Sem rumo. Não há o desespero e nem a euforia. Lembra dos nossos sorrisos naquele novembro de tanta descoberta, de tanta alegria, de tanto amor no coração? Amor que a gente tinha pela gente mesmo, pela nossa história, pelo mundo, por quem a gente nem conhecia. Sinto falta disso especialmente. Da certeza que a gente tinha no meio do incerto, apesar do incerto. Da vida que fazia sentido mesmo que nada fizesse sentido. E isso me dava brilho nos olhos. Queria ver teus olhos, se brilham como antes, na verdade queria saber se os meus ainda podem brilhar. Espero que os seus ainda brilhem, espero os ver tão radiantes que possam contaminar os meus. É aqui que queria chegar, meu amigo: preciso de você. Do teu olhar que me escutava e do teu silêncio que me falava, tudo isso que me levava ao mais fundo de mim.




"Disseram-me que o destino debocha de nós
Que não nos dá nada e nos promete tudo
Faz parecer que a felicidade está ao alcance das mãos,
Então a gente estende a mão e se descobre louco...."