Ei meu amigo já
reparou nesses tempos incertos? Tens percebido comigo que a única
certeza é a falta de certeza? Sinto sua falta. Especialmente da sua
segurança e da sua fé de quem olha para o horizonte sem saber onde
vai chegar mas que sabe que vai chegar. Se você se pergunta o que
esta acontecendo comigo, saiba que isso mesmo que estas pensando. Eu
estou perdida. Sem rumo. Não há o desespero e nem a euforia. Lembra
dos nossos sorrisos naquele novembro de tanta descoberta, de tanta
alegria, de tanto amor no coração? Amor que a gente tinha pela
gente mesmo, pela nossa história, pelo mundo, por quem a gente nem
conhecia. Sinto falta disso especialmente. Da certeza que a gente
tinha no meio do incerto, apesar do incerto. Da vida que fazia
sentido mesmo que nada fizesse sentido. E isso me dava brilho nos
olhos. Queria ver teus olhos, se brilham como antes, na verdade
queria saber se os meus ainda podem brilhar. Espero que os seus ainda
brilhem, espero os ver tão radiantes que possam contaminar os meus.
É aqui que queria chegar, meu amigo: preciso de você. Do teu olhar
que me escutava e do teu silêncio que me falava, tudo isso que me
levava ao mais fundo de mim.
"Disseram-me que o destino debocha de nós
Que não nos dá nada e nos promete tudo
Faz parecer que a felicidade está ao alcance das mãos,
Então a gente estende a mão e se descobre louco...."
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