domingo, 20 de fevereiro de 2011

Presentes que ganhei

Os últimos post foram um tanto deprê, pois é que eu fico assim às vezes, nostálgica, melodramática e ruminando coisas que já passaram - e que não foram expostas aqui objetivamente. Mas já passou, chorei o que tinha que chorar, desde o último texto eu estou bem melhor, cabeça ereta e a vida segue em frente.

Enfim fiz um horário de estudo, essa semana estudei química, tinha planejado estudar história também só que não deu certo. Em compensação estudei umas 5 horas todos os dias da semana, fazendo pausas, e deu tudo certo, nada de dores de ouvido, ou de cabeça, nada de estresse.

Eu não falei antes mas nos dias 5 e 6 desse mês eu estive numa casa de retiro participando de um encontro diocesano dos líderes de grupos de bases da pastoral da juventude e foi deveras supimpa. Conheci gente nova, o lugar era lindo, conversamos bastante, nos divertimos e resolvemos assuntos sérios como o futuro norte temático da pastoral. E foi nesse fim de semana que caiu a ficha da importância que tem sido participar de um grupo de jovens, de participar da igreja, de como essas experiências têm me oferecido coisas boas, de como as pessoas que eu tenho encontrado são tão simples e amorosas.

Engraçado, acabo de lembrar da impressão que tive no inicio desse mês quando uma amiga minha da faculdade que eu tranquei chegou de viagem. Quando a revi e ela me falava da dificuldade de continuar na faculdade sem minha companhia, vislumbrei o tamanho que tinha nossa amizade e de que dali em diante eu não a teria mais como companheira para conversar no meio da aula, pra falar mal das aulas de economia e nem pra chorar no banheiro, nem pra contar minhas dores, nem para escutar seus celeumas, dúvidas, nem pra compartilhar travessuras e tanta identificação.

Depois de minha amiga de ensino médio ter chegado e depois de ela ter ido embora, também no início de fevereiro, eu me dei conta da amiga que ela é, da imensidão do carinho que tenho por ela e ela por mim. Quando ela me deu seus cadernos de estudo de 2010 parecia que recebia um pedacinho seu. Folhei-os imaginando ela prestando atenção nas aulas e anotando tudo aquilo ali, pensei no que estava sentido, no afinco com que escreveu cada fórmula química, cada acontecimento histórico, cada equação. E me senti privilegiada de receber essa parte da vida dela.

E se me senti especial assim, desmerecida, é porque também me senti culpada achando que poderia ter sido melhor para as minhas amigas e para o meu grupo - presentes que ganhei -, que poderia parar de reclamar tanto e de ficar olhando só as coisas ruins que me acontecem.



"Tem dor que vira companhia. Olhando de perto, faz tempo que deixou de doer, só tem fama, mas a gente não solta. Quem sabe, pelo receio de não saber o que fazer com o espaço, às vezes grande, que ficará desocupado se ela sair de cena. Vazio é também terreno fértil para novos florescimentos, mas costuma causar um medo inacreditável.

Quando, finalmente, criou coragem e deixou de dar casa, comida e roupa lavada para a tal dor, ela desapareceu."

Desapego de Ana Jácomo

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

o verdadeiro


Faz algumas horas que Chico toca no player tentanto me ajudar a assimilar o que aconteceu. Nenhuma resposta exata me ocorre. Nada. “cala a boca bárbara”. Reler as cartas de um amor que não cumpriu sua função só me trazem lembranças das alegrias, dos medos e das dores passadas que as vezes parecem ainda presentes. Eu peço a Deus que me permita deixar isso tudo passar e que me presenteei com aquilo que eu realmente preciso pra viver, aquilo que falta, o verdadeiro.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Carta à um amigo.

Meu amigo, agora, depois de posto os pingos nos is e antes que eu diga "vá", você não está mais em minha vida. Essa sua figura na qual me refugiei morreu. Não existe mais. Não voltará. Nem outra do mesmo gênero.

1035 dias

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Eu te amo

Eu te amo -  Chico Buarque




Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.

A impressão que essa música me dá é a de que alguem para, e ao, vivenciar a vida de amante renunciou aos referenciais de quem era. [Rompi com o mundo, queimei meus navios] e que por isso no momento da música desconhecem um caminho diferente do de então[Me conta agora como hei de partir / Me diz pra onde é que inda posso ir/ Diz com que pernas eu devo seguir / Me explica com que cara eu vou sair], uma forma diferente de viver, não se imaginam fora dessa relação que lhes informa quem são. A voz do poema a todo tempo argumenta a impossibilidade de desconectar-se do seu amor.

As perguntas que rondam a minha mente são: O que leva alguém a romper com o mundo e queimar seus navios? Ou, em outras palavras, a amar? Deixar seu sangue perder-se na bagunça do coração de alguém, por qual motivo? A fazer de si a outra pessoa? Qual a justificativa do amor?

Eu te amo significa não poder viver longe do seu amor, significar não desvencilhar-se da imagem do amante. Mas o que antecede o ‘eu te amo’?

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

disfarçar minha dor eu não consigo



Pois é

Pois é!
Fica o dito e o redito
Por não dito
E é difícil dizer
Que foi bonito
É inútil cantar
O que perdi...

Taí!
Nosso mais-que-perfeito
Está desfeito
O que me parecia
Tão direito
Caiu desse jeito
Sem perdão...

Então!
Disfarçar minha dor
Eu não consigo dizer:
Somos sempre bons amigos
É muita mentira para mim...

Enfim!
Hoje na solidão
Ainda custo
A entender como o amor
Foi tão injusto
Prá quem só lhe foi
Dedicação
Pois é!