sexta-feira, 20 de maio de 2011

Carta à uma póia - I (parte II)

Viver o que é ao certo não sei, mas sei que não é ser super-herói, santo ou mártir. É verdade que o capitalismo é uma sanguessuga de trabalhadores, que tem muita gente doente, tem muita gente com fome, tem muita gente desabrigada... Mas lembre-se também de quantas pessoas estão de barriga cheia, espalhadas no sofá vendo fantástico e de coração frio, seco... porque não mataram sua sede de carinho, a fome de atenção.

Sou tua amiga cheia de segundas intenções, se eu te escrevo essa carta, se escuto seus celeumas e se me sirvo de colo pra você é porque eu tento matar sua carência de atenção, de amor, de cuidado e ainda mais por que eu espero que você faça o mesmo por mim e por muitas outras pessoas. Porque meu desejo é que o mundo seja um jardim de sorrisos e eu começo sorrindo uma flor pra você, mesmo que você seja meio póia, meio sem noção e mesmo que você quase coloque meus segredos no rádio.

Mais do que eu, tem Deus que te ama independente de qualquer coisa, é importante te lembrar que é precisamente este tipo de amor nossa única e primeira obrigação nessa vida: amar desmerecidamente. Primeiro este amor, minha amiga.... por você e pelas outras pessoas. Só depois disso você poderá sair por ai mantando fomes literalmente, levantando bandeira contra o capitalismo, o desmatamento, a poluição e a pobreza. Mas antes... pare de chorar, arruma a maquiagem, o cabelo e abra um sorriso, não só no rosto, no coração mesmo.

“E a História humana não se desenrola apenas nos campos de batalha e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e galinhas, nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros de esquina.”
Ferreira Gullar

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